São Paulo, sexta-feira, 15 de novembro de 2002

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SEGURANÇA

Nos primeiros seis meses do ano, casos em João Pessoa cresceram 81,63% em comparação com o mesmo período de 2001

Mortes violentas crescem nas capitais

IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

As mortes violentas cresceram 3,92% nas capitais do país e os crimes contra o patrimônio -como roubos e furtos-, 14,11%, no primeiro semestre deste ano, em comparação com o mesmo período do ano passado. Estupros e atentados violentos ao pudor caíram 1,14%.
Os dados fazem parte do primeiro levantamento nacional da criminalidade no país, feito pela Secretaria Nacional de Segurança Pública, do Ministério da Justiça.
Embora alguns números se refiram ao ano passado, algumas secretarias estaduais ainda não os repassaram.
O problema de coleta também afetou a abrangência dos números. Apenas as capitais e o Distrito Federal entraram na amostra, pois informações do interior e das regiões metropolitanas são fornecidas com maior atraso.
Para o cálculo das mortes violentas, a secretaria utilizou a soma dos homicídios dolosos (em que há intenção de matar) e culposos (sem intenção), mortes no trânsito, lesões corporais seguidas de morte, roubos seguidos de morte, mortes suspeitas e casos de resistência seguida de morte.
Crimes contra o patrimônio incluem roubos, furtos, roubos seguidos de morte e sequestros. Esses dois últimos casos fazem parte da categoria porque o objetivo do criminoso é o bem da vítima, não sua vida, segundo a secretaria.
No ranking das capitais mais violentas, Porto Velho ocupa o primeiro lugar, com 50,9 mortes violentas por 100 mil habitantes no primeiro semestre deste ano. Vem seguida de Vitória (41,1), Rio de Janeiro (39,1), Recife (36,5), Goiânia (35,9) e São Paulo (30,5).
Em comparação com o primeiro semestre de 2001, os maiores crescimentos foram registrados em João Pessoa, onde houve aumento de 81,63% das ocorrências. Goiânia (60,71%), Belo Horizonte (21,32%), Salvador (20,75%), e Recife (18,61%) vêm logo atrás.
Para o secretário nacional de Segurança Pública, José Vicente Silva Filho, ainda falta muito para o Brasil ter dados confiáveis sobre a violência. "O monitoramento dos índices de criminalidade deveria ser feito de forma permanente, semanalmente, para orientar a distribuição de investigadores, viaturas etc.", afirmou Silva Filho.
Outra dificuldade apontada pelo secretário é a subnotificação dos casos. Ou seja, determinados crimes -como estupros, assaltos e lesões corporais- não são notificados à polícia, o que atrapalha a implantação de políticas públicas.
Uma dessas políticas é a efetiva implementação do Plano Nacional de Segurança Pública, criado em 2000. Uma das premissas para a distribuição dos recursos do plano seria o acompanhamento sistemático dos índices, o que não era feito até agora.
De acordo com o pesquisador Tulio Khan, da secretaria, isso significa que o próximo governo terá mais possibilidade de distribuir melhor os recursos do fundo com os dados levantados neste ano. Para eliminar a diferença de método de coleta dos dados, a secretaria trabalha com a implantação do Boletim Nacional de Ocorrências e com uma parceria com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Um convênio firmado com o órgão prevê a viagem de técnicos aos Estados durante 13 meses para pesquisar a forma de elaboração das estatísticas criminais. Segundo Tulio Khan, a equipe de transição do governo eleito não se opôs à iniciativa.


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