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TCU quer auditoria para apurar crise aérea
Proposta aprovada ontem pelos ministros prevê "urgência urgentíssima" na investigação dos motivos do "apagão"
O texto que foi lido no plenário do tribunal critica a reação do governo e aponta preocupação com a repetição de problemas
MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Preocupados com o desfecho
do "apagão aéreo", os ministros
do TCU (Tribunal de Contas da
União) aprovaram ontem a realização "com urgência urgentíssima" de uma auditoria para
esclarecer os motivos da crise
no controle de vôos.
A proposta levada ao plenário alega que as providências
adotadas pelo governo não resolveram o problema e que a
conta do prejuízo com a crise
será paga, pelo menos em parte,
pelo contribuinte.
"O erário será atingido, inexoravelmente, direta ou indiretamente, em razão de ações indenizatórias, ainda que por
meio de ações regressivas promovidas pelas empresas aéreas", ponderou o ministro
Marcos Vinicios Vilaça", autor
da proposta, numa referência
às indenizações que as companhias ameaçam cobrar do governo pelos atrasos e cancelamentos dos vôos.
A auditoria buscará informações no Ministério da Defesa,
no Comando da Aeronáutica,
na Infraero e na Anac (Agência
Nacional de Aviação Civil) e terá de propor soluções em menos de seis semanas.
Fundo Aeronáutico
Uma das prioridades do grupo de trabalho será apurar se o
congelamento de despesas do
Fundo Aeronáutico, a principal
fonte de financiamento do programa de controle do tráfego
aéreo, teria contribuído para a
crise. O fundo registra saldo de
R$ 1,9 bilhão, dinheiro que deixou de ser gasto para garantir
as metas fiscais do governo.
O comandante da Aeronáutica, brigadeiro Luiz Carlos Bueno, se recusa a atribuir a crise à
falta de dinheiro.
Segundo o Siafi (sistema de
acompanhamento de gastos federais) o ritmo de gastos do
programa só registrou problemas em 2006. Mas uma parcela
dos recursos comprou até ração para cachorro. Bueno também nega que tenha havido falhas no planejamento da contratação de novos controladores de vôos.
"É preciso saber, com exatidão, quanto os órgãos públicos
envolvidos dispunham de recursos em seus respectivos orçamentos nos últimos três anos
e quanto, efetivamente, aplicaram no funcionamento do sistema aéreo nacional, especialmente na formação e contratação de operadoras de tráfego
aéreo", sugeriu Vilaça.
Ele também quer analisar
previamente o orçamento do
setor aéreo para 2007.
O texto lido ontem no plenário do TCU critica a reação do
governo e mostra pouco otimismo em relação ao desfecho
da crise: "Passados mais de 15
dias, não há nenhuma certeza e
muito menos garantia de que
os atrasos e cancelamentos de
vôos não vão voltar a ocorrer.
Pelo contrário, os fatos presenciados nesta semana em diversos aeroportos brasileiros e os
resultados das últimas reuniões nos trazem preocupações
adicionais".
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