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Laudo da Aeronáutica será inconclusivo
Investigação irá dizer que é impossível esclarecer hipótese de falha humana
Não há como saber se manete estava inoperante por erro dos pilotos ou por falha do computador de bordo da aeronave
ALAN GRIPP
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Investigação conduzida pela
Aeronáutica afirmará não ser
possível esclarecer uma das
principais dúvidas do acidente
com o Airbus-A320 da TAM: foi
por erro dos pilotos ou do equipamento que na hora do pouso
o manete (alavanca que controla a potência dos motores) da
turbina direita estava em posição de aceleração?
Em outras palavras, segundo
o relatório final da FAB que só
será divulgado em 2009, não
será possível dizer que houve
falha humana. O fato de a turbina direita estar em aceleração
depois de a aeronave tocar no
solo é apontado como o fator
preponderante para o acidente.
A certeza de que o relatório
será inconclusivo neste ponto
veio após a realização de um sofisticado exame no quadrante
de manetes do Airbus, achado
nos destroços da aeronave e enviado para a França. Uma tomografia em três dimensões
não foi capaz de apontar em
que posição estava o manete direito. A peça foi quase que integralmente derretida pelo fogo,
após a explosão do Airbus.
A caixa-preta de dados registrou a informação de que o manete estava na posição de subida, quando no pouso deveria
estar na posição de ponto morto. Quanto a isso não há dúvida.
O que o raio-X poderia esclarecer é se isso aconteceu porque
os pilotos esqueceram de mudar a posição da alavanca (falha
humana) ou se eles agiram corretamente, e o computador de
bordo não obedeceu ao comando (falha mecânica). Não há como responder a essa pergunta,
dirá o relatório.
E mesmo que fosse possível
concluir que houve falha dos
pilotos Kleyber Lima e Henrique Stefanini di Sacco, a investigação da Aeronáutica não os
apontaria como culpados. Nem
eles, nem ninguém. Por definição, a investigação de acidentes
aéreos tem como objetivo apenas a prevenção de outros acidentes - mesmo que, para isso,
esmiuce as causas prováveis.
O relatório da FAB, a cargo
do Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes
Aeronáuticos), já está pronto.
Falta agora ser traduzido para o
inglês e o francês e enviado aos
fabricantes das turbinas (a norte-americana Pratt & Whitney)
e da aeronave (a européia Airbus). As empresas terão 60 dias
para as considerações finais.
De prático, a investigação já
resultou em 61 recomendações
de segurança emitidas pelo Cenipa, muitas delas relacionadas
a outros fatores que podem ter
contribuído para a tragédia.
Uma recomendação é a de
que as empresas aéreas não
realizem pousos nem decolagens com o reverso da turbina
inoperante em "condições especiais" (com chuva e em pista
curta), caso do Airbus da TAM.
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