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SEGURANÇA
Desenhista diz que equipe de Castilho queria R$ 10 mil para evitar que ele e amigo fossem presos; valor não chegou a ser pago
Vítima acusa policial de cobrar propina
DA REPORTAGEM LOCAL
Investigadores do Denarc, órgão da Polícia Civil, são acusados
de cobrar R$ 10 mil de propina
para liberar dois rapazes detidos
no dia 27 de novembro sob a acusação de porte de drogas. A prisão
foi feita por investigadores acusados de comandar o tráfico na cracolândia (centro de SP). Os cinco
policiais acusados e identificados
até agora negam as acusações.
O relato sobre a cobrança de
propina aparece em dois depoimentos dados a promotores de
Justiça anteontem.
Um deles é do desenhista Adilson Francisco Rocha, 24. Ele aparece sendo solto por investigadores em imagens gravadas em investigação iniciada após denúncia
do jornal "Diário de S.Paulo".
O outro depoimento é do advogado de Rocha, Antonio Carlos
Rinaldi, 33. Chamado por policiais após a prisão dos dois rapazes, ele aparece nas imagens gravadas pelo Ministério Público
conversando com o investigador
José Carlos de Castilho e presenciando seu cliente ser solto. Toda
a cena se passa em via pública.
O caso não foi para a delegacia,
apesar de as cenas terem sido gravadas na cracolândia, região próxima à sede do Denarc.
Rocha e seu amigo, identificado
como Chiquinho, foram presos
na Vila Prudente, depois de terem
sido abordados no carro do desenhista. Depois de terem sido revistados, policiais teriam exibido
um papel usado para embalar
droga e ameaçado acusá-los de
porte de entorpecente. Os dois
negam que portavam droga.
Condenado por porte ilegal de
arma, Rocha teve suspensão condicional do processo e cumpre
pena em regime aberto.
Após a prisão, policiais ligaram
para o advogado e acertaram um
encontro em uma rua no centro.
Lá, Rinaldi diz ter encontrado Rocha e o amigo algemados dentro
de um carro da polícia.
A negociação para o pagamento
de propina foi feita em um bar, segundo o advogado. Nas imagens
feitas pelo Ministério Público, Rocha e Chiquinho aparecem sendo
soltos às 2h30 por Castilho.
O advogado afirma não ter participado da negociação, revelada
por Rocha após ele ter sido solto.
Rinaldi diz que o caso não foi denunciado por receio de represália.
Nada foi pago aos policiais. "Ficou uma promessa e uma ameaça. Eles [os policiais" disseram
que tinham o meu cartão e passariam ele para todas as delegacias,
assim não conseguiria trabalhar.
Ao Rocha, disseram que o achariam em qualquer lugar [se a propina não fosse paga"".
A ameaça para garantir o pagamento de propina havia sido feita
também durante a negociação,
segundo o advogado de Rocha.
Ele afirma que os policiais
ameaçaram segurar um documento que Rocha tem de usar para circular pelas ruas, devido à
condenação por porte de arma.
Depois, o documento acabou liberado. Segundo o advogado, Rocha já foi julgado também por um
homicídio, mas foi absolvido.
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