São Paulo, terça, 15 de dezembro de 1998

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SECA
Por causa da falta de chuvas, 5 cidades terão 20 horas de abastecimento a cada 4 dias
Recife faz maior racionamento de água

FÁBIO GUIBU
da Agência Folha, em Recife

A população de Recife (PE) e de outras quatro cidades da região metropolitana serão obrigadas a conviver a partir de hoje com o maior racionamento de água da história desses municípios.
Devido à falta de chuva, provocada este ano pelo fenômeno El Niño, os 2,56 milhões de habitantes dessas cinco cidades serão abastecidos por períodos de apenas 20 horas a cada quatro dias.
Segundo a Compesa (Companhia Pernambucana de Saneamento), se o esquema não fosse adotado, o fornecimento em Recife, Cabo, Jaboatão, Camaragibe e São Lourenço da Mata poderia entrar em colapso total em fevereiro.
Com a ampliação do sistema de racionamento -que desde agosto era de 24 horas com água e 48 horas sem-, a Compesa calcula ser possível abastecer as cidades até abril, quando normalmente tem início o ciclo de chuvas no litoral.
"Se não chover até lá, vamos entrar em calamidade", afirmou o presidente da companhia, Ricardo Câmara Lima. A estiagem, disse ele, reduziu a captação de água em 38% este ano em relação a 1997.
A barragem de Tapacurá, principal manancial da região, está com apenas 12% de sua capacidade de armazenamento, que é de 94 milhões de metros cúbicos.
Em 93, quando outra seca atingiu o Estado, o nível em Tapacurá chegou a cair para 3,4% em dezembro. O esquema de racionamento, no entanto, foi de 20 horas com água e 56 horas sem. Se o esquema de racionamento de 93 fosse adotado agora, o fornecimento entraria em colapso antes do período de chuvas, disse Lima.
O 3º Distrito do Instituto Nacional de Meteorologia, em Recife, considera "boa" a possibilidade de ocorrência de chuvas a partir de março no litoral.
O órgão alerta, entretanto, que a elevação do nível das barragens dependerá principalmente "da ocorrência de precipitações no agreste e na Zona da Mata".
"Para encher os reservatórios é preciso chover na cabeceira dos rios que desaguam nesses locais", disse o chefe do setor de previsão do tempo do instituto em Recife, Ednaldo Correia de Araújo.



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