São Paulo, sexta, 16 de janeiro de 1998.



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SAÚDE
Laboratórios não poderão dar diagnóstico de que uma pessoa é soropositiva antes de realizar todos os exames
Hospitais terão de fazer 4 testes de Aids

da Sucursal de Brasília

Portaria do Ministério da Saúde obriga todos os hospitais e laboratórios da rede pública a fazerem pelo menos quatro testes anti-HIV (vírus que causa a Aids) para poder dar o diagnóstico de que uma pessoa é soropositiva (que tem o vírus da doença).
Antes, esse procedimento era apenas uma recomendação do ministério. A nova determinação do ministério, que já está em vigor, veio após um caso registrado no Rio de Janeiro.
A artista plástica Silvana Rodrigues Marins fez o teste anti-HIV em um laboratório público. O resultado foi positivo e, segundo a artista, não houve nem a recomendação de refazer o exame.
Desesperada, Silvana chegou a tentar o suicídio. Levada para refazer um segundo teste, o resultado foi negativo.

Duas etapas
Pela portaria publicada ontem, o teste anti-HIV em laboratório público passa a ser obrigatoriamente realizado em duas etapas.
A primeira etapa é a triagem. Nessa fase, os testes utilizam antígenos (qualquer substância capaz de provocar a formação de anticorpos ao penetrar no organismo) e/ou princípios laboratoriais diferentes.
Esse tipo de teste, como o Elisa, é abrangente, pois alguns componentes detectados caracterizam outros vírus e outras doenças, como alguns tipos de verminoses.
Se esses dois testes forem negativos, a segurança da ausência do vírus HIV no sangue é de praticamente 100%. Se um deles der positivo, é necessário passar para uma segunda etapa de testes, a confirmatória.
Isso porque os testes de triagem têm uma margem de erro para resultados positivos de 3% a 15%.
Na etapa confirmatória, são realizados os testes de imunofluorescência indireta (IFI) e Western Blot. Para essa etapa, deverá ser realizada nova coleta de sangue. Esses testes são mais específicos, e a probabilidade de ocorrer erro em resultado positivo é de apenas 0,001%.

Confiabilidade
Segundo Pedro Chequer, coordenador do programa de Aids do Ministério da Saúde, a obrigatoriedade dessas duas etapas vai conferir um alto grau de confiabilidade aos resultados.
Chequer afirma que, no Rio, não há 5% de diagnósticos errados, conforme dados que foram noticiados. Esse número, segundo ele, corresponderia a 16 mil exames com resultados equivocados.
De acordo com Chequer, esse seria o número de falsos positivos se não fosse concluída a série de etapas preconizadas para chegar a um resultado definitivo para o diagnóstico de infecção pelo vírus HIV.
(BETINA BERNARDES)


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