São Paulo, domingo, 16 de janeiro de 2005

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SAÚDE

Procedimento, no entanto, é limitado a áreas do corpo com pouco acúmulo de gordura e não é isento de risco

Técnica causa menos dor em lipoaspiração

DA REPORTAGEM LOCAL

Uma técnica derivada da lipoaspiração promete eliminar gordura localizada com anestesia local, menos dor e recuperação mais rápida. Porém o procedimento é limitado a áreas do corpo com pouco acúmulo de gordura e não é isento de riscos.
A hidrolipoaspiração, como é chamada a técnica, baseia-se na aplicação de uma mistura de soro fisiológico e anestésico nas células de gordura, que ficam inchadas -como uma bexiga cheia de água- e, em tese, são eliminadas mais rapidamente.
Por meio de um aparelho de ultra-som, são emitidas vibrações que provocam a ruptura das células gordurosas. Essa gordura, em estado mais liquefeito, pode então ser aspirada por meio de seringas ou minúsculas cânulas.
Na lipo tradicional -feita com anestesia geral ou peridural-, o procedimento é mais invasivo, porém possibilita um resultado mais definitivo porque a quantidade de gordura a ser aspirada é maior -até 7% do peso corporal da pessoa.
"Tira-se mais gordura com menos sangramento. Isso resulta em menos hematoma e um pós-operatório com menos dor", afirma o cirurgião plástico Munir Cury, que atende no hospital Sírio-Libanês. A recuperação também é mais rápida do que a lipo tradicional, segundo Cury.
Na opinião da cirurgiã plástica Vera Cardim, uma das diretoras da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, o resultado da hidrolipoaspiração é bastante limitado, especialmente porque a técnica é feita em áreas independentes do corpo. "Às vezes, é preferível a boa e velha lipoaspiração", diz.
O médico nutrólogo Alexander Gomes Azevedo, especializado em medicina estética, discorda da limitação de resultados e de possíveis riscos de fibrose. "Já chegamos a tirar quase um litro de gordura em uma única sessão sem nenhum problema", diz
Azevedo afirma que, quando há várias regiões com acúmulo de gordura, pode-se fracionar o tratamento. "Fazemos numa semana o culote, na outra a barriga e na outra os pneuzinhos", explica.
Para o cirurgião plástico Gustavo Duarte, além de ficar mais caro, o fracionamento do tratamento pode levar à formação de fibrose nas áreas adjacentes à região lipoaspirada, o que pode dificultar futuros procedimentos.
Outra preocupação dos cirurgiões plásticos é o fato de os centros de medicina estética fazerem a hidrolipoaspiração nos próprios consultórios, fora do centro cirúrgico. "É um procedimento invasivo e pode ocorrer lesão vascular. Tem que ser feito em local que ofereça condições, inclusive de reanimação do paciente", afirma Vera Cardim.
O fato de a técnica poder ser feita com anestesia local também é preocupante, segundo os cirurgiões plásticos. "Anestesia local não é inócua. Pode causar intoxicação, dependendo da quantidade usada", afirma Duarte.
Tanto Cury como Cardim acreditam que a anestesia peridural (aplicada no canal vertebral) seja mais segura para esse tipo de procedimento, especialmente se a cirurgia for mais extensa (em diferentes regiões ou em uma área com muita gordura).
Azevedo -que utiliza anestesia local nos procedimentos-, acredita que, feito em clínicas com todos os recursos exigidos pela Vigilância Sanitária, os riscos com esse tipo de anestésico são mínimos. Há dois anos e meio, Azevedo usou o próprio corpo para testar a hidrolipoaspiração. De lá para cá, já realizou mais de 2.000 procedimentos com a ajuda de um cirurgião plástico.
Cada sessão de hidrolipoaspiração dura em torno de duas horas e custa entre R$ 1.500 e R$ 1.900.
(CLÁUDIA COLLUCCI)


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