São Paulo, sexta-feira, 16 de fevereiro de 2001

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Módulo leste do Sims pode sofrer intervenção

MELISSA DINIZ
DA REPORTAGEM LOCAL

A redução no número de atendimentos nos hospitais e postos de saúde da zona leste, vinculados ao Sims (Sistema Integrado Municipal de Saúde), fez a prefeitura anunciar que deve intervir no módulo leste.
Descontos de 30% nos salários dos funcionários da cooperativa resultaram em descontentamento dos médicos e prejuízo para a população.
Ontem, funcionários cooperados que atuam no Hospital Tide Setúbal, em São Miguel Paulista, diminuíram de 600 para 100 o número de atendimentos. Os doentes aguardavam até seis horas por uma consulta. Nos postos Júlio Tupy, Atualpa e São Carlos, eles não estavam sendo atendidos.
No mês passado, um comunicado que circulou no hospital (ao qual a Folha teve acesso) alegava que, com a diminuição da verba pela prefeitura, os cooperados receberiam apenas 90% do salário.
O resto seria repassado do dia 25 do mês passado, segundo José Fernando Pontes, presidente da cooperativa que atende o módulo.
Neste mês, um novo comunicado informou aos cooperados que haveria outra redução dos salários, agora de 20%, que seriam pagos mediante a segunda remessa de fevereiro, no final do mês.
A reportagem procurou José Fernando Pontes, que alegou que o corte nos salários se deve à redução da verba pela prefeitura.
No mês passado, a prefeitura anunciou um corte na verba das cooperativas, reduzindo de R$ 40 milhões para R$ 36 milhões o dinheiro repassado.
O médico Henrique Carlos Gonçalves, responsável por uma comissão que analisa a situação dos módulos do Sims para a prefeitura, disse que a redução não justifica corte nos salários.
"Fizemos uma adequação da verba, pois percebemos que o valor repassado era superestimado. (...) A cooperativa deve rever os contratos com fornecedores e não cortar salários", disse.
Gonçalves afirmou que, se for verificado o prejuízo para a população, a prefeitura vai tomar medidas drásticas e intervir na zona leste, como já está fazendo no módulo central desde janeiro.
Desavisadas do protesto do médicos, dezenas de pessoas aglomeravam-se na sala de espera e na frente do hospital Tide Setúbal.
O perueiro Jackson dos Santos, 38, que está com um tumor no joelho, reclamava de dor e de estar esperando por cinco horas. "Nós não temos culpa que eles não receberam o salário. Se não for atendido, vou fazer um escândalo."



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