São Paulo, sexta-feira, 16 de março de 2001

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Em 3 anos, 81 mortos; terceirizados são maioria

DA SUCURSAL DO RIO

Nos últimos três anos, 81 petroleiros morreram em acidentes na Petrobras -em média, mais de duas mortes por mês. Do total, 66 eram empregados terceirizados, contratados por empresas prestadoras de serviço, de acordo com levantamento feito pela FUP (Federação Única dos Petroleiros).
Desde o ano passado, segundo o levantamento, foram registrados 95 acidentes na empresa, com 18 mortes -16 dos mortos eram prestadores de serviço. Na bacia de Campos, foram registradas 12 mortes no período -11 de prestadores de serviço.
O presidente da Petrobras, Henri Philippe Reichstul, admitiu que o número de acidentes com terceirizados é preocupante e disse que a redução é uma das metas da empresa.
"Temos incidência baixa de acidentes com nossos próprios funcionários. Por outro lado, temos grande incidência com os terceirizados, que não recebem necessariamente o mesmo tipo de treinamento que os funcionários da Petrobras", afirmou.
Reichstul disse, no entanto, que "é um erro muito grave atribuir as causas do acidente da P-36 à terceirização". Para ele, esse processo ocorreu em todas as grandes empresas nas últimas duas décadas, não sendo uma característica exclusiva da Petrobras.
Ele disse que não dispunha ontem dos números oficiais de acidentes na empresa, pois estava ocupado com as operações em torno da plataforma P-36, mas afirmou que a Petrobras mantém vários programas para redução desse tipo de problema.
Este ano, antes do acidente de ontem, já haviam ocorrido quatro mortes de funcionários- todos terceirizados, segundo a FUP.
Para a FUP, a crescente terceirização dos postos de trabalho e o acúmulo de funções explicam o elevado índice de mortes. "A empresa está reduzindo seus quadros e contratando mão de obra terceirizada, sem qualificação. Quem fica, está sobrecarregado", diz Maurício França Rubem, coordenador da entidade.
Engenheiro de petróleo, com experiência de 25 anos de trabalho em plataformas, o diretor da Aepet (Associação dos Engenheiros da Petrobras) Argemiro Pertence concorda: "Explorar petróleo em alto mar é coisa de muito risco, precisa de muita especialização. Hoje há grande rotatividade de mão de obra e não há tempo para que alguém se especialize".


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