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Em 3 anos, 81 mortos; terceirizados são maioria
DA SUCURSAL DO RIO
Nos últimos três anos, 81 petroleiros morreram em acidentes na
Petrobras -em média, mais de
duas mortes por mês. Do total, 66
eram empregados terceirizados,
contratados por empresas prestadoras de serviço, de acordo com
levantamento feito pela FUP (Federação Única dos Petroleiros).
Desde o ano passado, segundo o
levantamento, foram registrados
95 acidentes na empresa, com 18
mortes -16 dos mortos eram
prestadores de serviço. Na bacia
de Campos, foram registradas 12
mortes no período -11 de prestadores de serviço.
O presidente da Petrobras, Henri Philippe Reichstul, admitiu
que o número de acidentes com
terceirizados é preocupante e disse que a redução é uma das metas
da empresa.
"Temos incidência baixa de acidentes com nossos próprios funcionários. Por outro lado, temos
grande incidência com os terceirizados, que não recebem necessariamente o mesmo tipo de treinamento que os funcionários da Petrobras", afirmou.
Reichstul disse, no entanto, que
"é um erro muito grave atribuir as
causas do acidente da P-36 à terceirização". Para ele, esse processo ocorreu em todas as grandes
empresas nas últimas duas décadas, não sendo uma característica
exclusiva da Petrobras.
Ele disse que não dispunha ontem dos números oficiais de acidentes na empresa, pois estava
ocupado com as operações em
torno da plataforma P-36, mas
afirmou que a Petrobras mantém
vários programas para redução
desse tipo de problema.
Este ano, antes do acidente de
ontem, já haviam ocorrido quatro
mortes de funcionários- todos
terceirizados, segundo a FUP.
Para a FUP, a crescente terceirização dos postos de trabalho e o
acúmulo de funções explicam o
elevado índice de mortes. "A empresa está reduzindo seus quadros e contratando mão de obra
terceirizada, sem qualificação.
Quem fica, está sobrecarregado",
diz Maurício França Rubem,
coordenador da entidade.
Engenheiro de petróleo, com
experiência de 25 anos de trabalho em plataformas, o diretor da
Aepet (Associação dos Engenheiros da Petrobras) Argemiro Pertence concorda: "Explorar petróleo em alto mar é coisa de muito
risco, precisa de muita especialização. Hoje há grande rotatividade de mão de obra e não há tempo
para que alguém se especialize".
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