São Paulo, sexta-feira, 16 de março de 2001

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ACIDENTE EM ALTO-MAR

Presidente da estatal nega que houvesse superlotação e diz que plataforma não tinha falha estrutural

Petrobras não sabe as causas do acidente

Antônio Gaudério/Folha Imagem
O presidente da Petrobras, Henri Phillippe Reichstul, e o ministro das Minas e Energia, José Jorge, em entrevista para explicar explosões


DA ENVIADA ESPECIAL A MACAÉ

O presidente da Petrobras, Henri Philippe Reichstul, afirmou que a empresa começará, hoje, a investigar as causas das explosões ocorridas na plataforma P-36.
Ele disse que a empresa ainda não tem idéia sobre as causas da explosão. ""É muito difícil fazer um diagnóstico, neste momento", declarou.
O dirigente da estatal afirmou que não há passagem de gás ou óleo bruto pela coluna danificada. Disse que o petróleo bruto retirado do mar passa por dutos externos à plataforma e que não há estocagem de combustível no local, a não ser a do óleo diesel necessário ao funcionamento da unidade.
O ministro das Minas e Energia, José Jorge, passou o dia em Macaé, a pedido do presidente Fernando Henrique Cardoso, para acompanhar o resgate dos sobreviventes e prestar solidariedade às famílias das vítimas.
Reichstul contestou as denúncias da Aepet (Associação dos Engenheiros da Petrobras) de que a plataforma já estaria apresentando indícios de falhas estruturais e vazamento de gás.
Ele disse não acreditar que falhas de fabricação causaram as explosões. Afirmou que peritos da Petrobras acompanharam a fabricação e instalação da plataforma, que foi aprovada por certificadores internacionais de qualidade.
Reichstul negou também que a plataforma estivesse com superlotação. Embora a unidade tenha alojamento para 122 pessoas, foram colocados alojamentos adicionais, com aprovação da Capitania dos Portos.
A Petrobras, segundo ele, não se preocupou em investigar as causas do acidente ontem, pois sua atenção esteve no atendimento aos sobreviventes e familiares das vítimas e nas medidas que serão adotadas em caso de vazamento de combustível.
Reichstul admite, caso a plataforma afunde, o risco de vazamento de 1,2 milhão de litros de óleo diesel e de 300 mil litros de petróleo. Diante disto, enviou cinco embarcações para o local com equipamentos que permitiriam cercar e enxugar o combustível derramado. Ele diz que a empresa tem um estudo que mostra que, se houver derramamento, o combustível seguirá em direção oposta à da costa.
A plataforma P-36 está segurada no valor de US$ 500 milhões, que correspondeu a seu custo final. Ela estava orçada em US$ 360 milhões, mas, segundo Reichstul, acabou tendo um sobrepreço de US$ 140 milhões.

Apoio às famílias
A Petrobras montou, em Macaé, um centro de atendimento aos familiares do funcionário morto -ainda não identificado- e dos nove desaparecidos, com médicos e psicólogos de plantão. A empresa, segundo Reichstul, estimulou as famílias a se deslocarem para a cidade.
A empresa decidiu divulgar os nomes dos dez desaparecidos -um foi visto morto pelos sobreviventes- ainda pela manhã. Reichstul diz que tomou a medida para diminuir a angústia dos familiares dos sobreviventes. Até as 10h, só uma família de desaparecidos não havia sido contatada.


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