São Paulo, sexta-feira, 16 de março de 2001

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Acidente trará prejuízo de US$ 50 mi por mês

DA SUCURSAL DO RIO

O acidente com a plataforma causará um prejuízo de cerca de US$ 50 milhões mensais à Petrobras, segundo o diretor financeiro da empresa, Ronnie Vaz Moreira.
A perda é considerada pequena pela empresa, diante do faturamento anual, que atingiu no ano passado US$ 27 bilhões. Essa análise é feita pelo gerente de relacionamento com investidores da Petrobras, Luiz Fernando Nogueira, que ontem passou o dia atendendo telefonemas nervosos de corretoras e acionistas da empresa.
Nogueira atribuiu a esse nervosismo a queda de até 5,5% no valor das ações da Petrobras durante o dia de ontem. Porém, considerou que essa movimentação não foi preocupante, pois desde o mês passado as ações vinham se valorizando. "Nenhum investidor vai sair perdendo com o acidente", disse. Para Nogueira, a maior preocupação dos investidores é sobre a possibilidade de perda total da plataforma. "Todos querem saber se está adernando além do limite possível para recuperação."
O presidente da Petrobras, Henri Philippe Reichstul, disse que os riscos de perda total da plataforma só vão poder ser avaliados hoje e que ainda não é possível um cálculo total dos prejuízos causados pelo acidente. Ele enfatizou que não haverá problemas de abastecimento. A Petrobras já está preparando uma operação de importação suplementar de petróleo, para que não haja reflexos da quebra de produção.
A plataforma é responsável por 6% da produção atual de petróleo do país, estimada em 1,33 mil barris diários pela Petrobras, com meta de 1,42 mil barris para o final do ano, o que deve ser revisto. A capacidade final de produção da P-36, de 180 mil barris diários, só seria atingida em 2003.
Caso haja perda total, o seguro da plataforma está estimado em US$ 500 milhões, valor estipulado para equipamentos e estrutura. Não há cobertura para lucros cessantes. Nogueira diz que a Petrobras tem plena capacidade de absorver os prejuízos, sem afetar o seu desempenho financeiro.

Bolsa
As ações preferenciais da Petrobras despencaram 6,7% ontem na Bovespa. O comprometimento de parte da produção da empresa após o acidente não agradou aos investidores, que venderam as ações durante toda a tarde.
Os trabalhadores que utilizaram parte do FGTS para aplicar nos fundos Petrobras criados no ano passado também tiveram perdas ontem. Esses fundos são formados por outra ação da empresa, a de tipo ON (ordinárias, que dão direito a voto), que caiu 4,6%. Os negócios com o papel PN da Petrobras lideraram os negócios na Bolsa paulista, com mais de 23% do volume total negociado.
Apesar da queda, os ganhos de quem tem as ações em seu poder não ficaram comprometidos: até o fechamento do pregão de quarta-feira, os papéis acumulavam lucro de 18% neste ano.


Colaborou Fabricio Vieira, da Reportagem Local


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