São Paulo, sexta-feira, 16 de março de 2001

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ACIDENTE EM ALTO-MAR

Especialistas temem rompimento na tubulação de exploração; Petrobras descarta essa possibilidade

Risco ambiental é pequeno, mas existe

MARIANA VIVEIROS
DA REPORTAGEM LOCAL

O risco de contaminação do ambiente em consequência do acidente na plataforma 36 da Petrobras é pequeno, mas não está descartado pelos ambientalistas.
A P-36 não armazena óleo, nem faz transporte do material por meio de dutos -como acontece numa refinaria, por exemplo. Praticamente tudo que é retirado do fundo do mar (80 mil barris diários de petróleo, ou cerca de 13,5 milhões de litros) é logo transportado para longe do local.
O maior problema, segundo ambientalistas ouvidos pela Folha, estaria num possível rompimento na tubulação de exploração -que extrai o petróleo diretamente do poço.
A possibilidade, entretanto, é descartada pela Petrobras e pelo especialista em segurança Moacyr Duarte, da Coppe-UFRJ.
De acordo com Duarte, a extração é paralisada assim que se tem notícia de qualquer problema na plataforma. "Uma válvula suspende a drenagem de petróleo", afirma ele, que considera "remota" a probabilidade de um acidente ambiental.
Caso a plataforma afunde, o vazamento será de cerca de 1,5 milhão de litros, afirma a Petrobras. "Só isso já seria muito significativo", alega Délcio Rodrigues, diretor de campanhas do Greenpeace.
O óleo que eventualmente seja despejado pode ser levado pelas correntes marítimas para a região das praias e mangues de Campos, onde causará grande impacto na avaliação da ONG.
Se for levado para alto-mar, as consequências são imprevisíveis.

Tempo
Mesmo o Greenpeace admite, porém, que o risco de uma contaminação nas dimensões da que foi registrada em julho do ano passado, quando um vazamento de óleo de um duto da Petrobras atingiu o rio Iguaçu (no Paraná) e suas margens, é pequeno.
"Há tempo de conter o problema, mas, como a primeira preocupação é salvar as pessoas, esse tempo pode se esgotar", diz Rodrigues. O problema no caso do afundamento da plataforma não seria só o óleo, afirma, mas também produtos tóxicos, tintas e até material radioativo que são usados na operação das plataformas.
Os ambientalistas estão de prontidão, aguardando o que será feito pela Petrobras. "Não há muito o que fazer agora. Existem recursos de engenharia que podem evitar um desastre que já é previsível", afirma Rodrigues.
Um grupo de ativistas da ONG estaria se deslocando ontem para a região onde ocorreram as explosões, a fim de acompanhar o trabalho dos técnicos da Petrobras.


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