São Paulo, Terça-feira, 16 de Março de 1999
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BLECAUTE
Empresa diz que parte da responsabilidade pelo atraso deve ser creditada a problemas na religação do sistema
Energia demorou para voltar, admite ONS

CHICO SANTOS
da Sucursal do Rio

O presidente do ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico), Mario Santos, disse ontem que o restabelecimento do fornecimento de energia elétrica após o blecaute da última quinta foi demorado e que é possível investir em soluções para encurtar esse tempo em problemas futuros.
Rio e São Paulo chegaram a ficar até 4 horas e 15 minutos sem luz.
"O tempo de restabelecimento tem de ser menor. Foi elevado, e nós estamos tentando tirar ensinamentos sobre isso", afirmou.
O ONS é uma empresa sem fins lucrativos criada pelas empresas do setor elétrico para gerenciar a operação interligada do sistema.
Segundo Santos, uma das formas de reduzir o tempo de religação é "dotar o centro de operações da ONS de recursos para ter mais informações do que acontece em tempo real". Ele disse que são necessárias obras de duplicação de linhas nas áreas mais críticas.
Ele afirmou que hoje deverá ser entregue ao governo e às empresas do setor o relatório com as conclusões dos técnicos sobre o acidente.
Santos voltou a afirmar que o blecaute foi causado pela queda de um raio na subestação da Cesp em Bauru. "Nós trabalhamos em cima de informações da Cesp. Se os engenheiros e diretores da Cesp trouxeram essas informações, claro que preferimos respeitá-las."
A declaração foi feita ao responder a uma pergunta sobre o questionamento feito por Hamilton Spagolla, gerente da Cesp em Bauru. Para Spagolla, apenas o raio não seria suficiente para causar um blecaute como o que ocorreu.
Santos citou exemplos do passado para fortalecer a tese de que um problema isolado pode causar acidentes. Segundo ele, em 84 houve um blecaute geral causado pela quebra de um transformador em Jaguara (MG). Em 85, uma queimada sob as linhas de transmissão da hidrelétrica de Marimbondo (divisa de MG e SP) seria a causa de um novo apagão.
Para Santos, o problema de agora é que o tempo de religação foi maior. Segundo ele, parte da responsabilidade pela demora deve ser creditada a problemas na fase de religação do sistema.
Um desses problemas acontecido na subestação de Jacarepaguá (zona oeste), pertencente a Furnas Centrais Elétricas. Outro problema teria ocorrido na hidrelétrica de Marimbondo, de Furnas.
O diretor do ONS Carlos Ribeiro disse que a queda do raio em Bauru não necessariamente provocaria o desligamento em cadeia. Ele disse que o raio pegou a corrente de energia em um momento de oscilação favorável à ocorrência, e isso não tem como ser controlado.


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