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ACIDENTE
Pelo menos 48 ficaram feridos na Estácio de Sá; 3.000 prestariam concurso no local, inaugurado há um ano e meio
Passarela de universidade desaba no Rio
KARINE RODRIGUES
FREE-LANCE PARA A FOLHA
O desabamento de uma passarela da Universidade Estácio de
Sá, na Barra da Tijuca (zona oeste
do Rio), feriu pelo menos 48 pessoas que prestariam concurso para dar aulas na rede municipal de
ensino, na manhã de ontem.
O acidente foi às 7h30, meia hora antes do início da prova, que
seria aplicada em outros 29 pontos do Rio. Dos 59 mil inscritos,
3.000 prestariam exame na universidade. Por causa do acidente,
a prefeitura anulou o concurso
para preencher 2.000 vagas. A nova data ainda não foi marcada.
A passarela ficava a três metros
de altura e ligava a praça de alimentação a um dos corredores da
universidade, no segundo andar.
Havia, segundo uma das vítimas,
cerca de 60 pessoas sobre a estrutura durante o desabamento.
"Ouvimos primeiro um estalo,
como se fosse vidro quebrando e,
logo depois, a passarela caiu de
uma vez. O pessoal gritava que o
prédio estava caindo", contou
Maria Aleuda Cavalcante, 47.
Ela não estava sobre a passarela
quando a estrutura cedeu, mas foi
pisoteada por quem tentava sair
do local. Na correria, disse, as pessoas largaram sapatos e bolsas.
Com o pescoço imobilizado, em
uma cadeira de rodas no setor de
emergência do hospital Lourenço
Jorge, na Barra da Tijuca, Maria
Aleuda não estava na lista de 45
pessoas feridas divulgadas por
Marcelo Campos, diretor da Universidade Estácio de Sá.
Além de Maria Aleuda, a Folha
conversou com outras duas vítimas que não estavam na lista.
O atendimento aos feridos foi
feito no Lourenço Jorge e no hospital Miguel Couto, no Leblon
(zona sul). Boa parte dos atendidos sofreu escoriações e luxações.
Duas pessoas foram operadas por
causa de fraturas no pulso e no pé.
O diretor Marcelo Campos disse que a universidade vai pagar as
despesas médicas das vítimas.
Feita de ferro e revestida de concreto, a passarela que cedeu tinha,
segundo o subsecretário municipal de Obras, Cláudio Albuquerque, cerca de oito metros de extensão por quatro de largura.
O prédio da universidade, segundo Campos, levou dois anos
para ficar pronto e foi inaugurado
há um ano e meio. As duas passarelas foram feitas posteriormente.
Equipes do ICCE (Instituto de
Criminalística Carlos Éboli) e da
Defesa Civil do Município fizeram perícia no local. O local da
passarela que desabou e outra
rampa similar foram interditados
pela Defesa Civil do Município. O
laudo deve sair em 15 dias.
O coordenador da Defesa Civil
do Município, coronel João Carlos Mariano, disse que vai solicitar
à administração da universidade
as plantas do local. Além da passarela, o prédio apresenta rachaduras na fachada que, possivelmente, segundo ele, teriam sido
causadas por infiltração.
Antônio Serrano, titular da 16ª
Delegacia de Polícia, na Barra, registrou a ocorrência como desabamento com vítima. Segundo o
delegado, ainda que seja constatada imperícia na obra, o responsável deverá responder por crime
culposo, já que o acidente não foi
intencional. A pena prevista é de
seis meses a um ano de prisão.
Logo após o acidente, uma equipe de reportagem da Rede Globo
foi agredida por seguranças da Estácio de Sá. "Eles meteram a mão
na luz e puxaram o fio da câmera.
Quatro deles me puxaram", contou o operador Rodrigo Fernandes Gomes, 21. As cenas foram filmadas por um cinegrafista.
Segundo o diretor, os seguranças não foram orientados para dificultar o trabalho dos jornalistas,
mas eles podem ter se apavorado.
O serviço, disse, é terceirizado.
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