São Paulo, sábado, 16 de abril de 2005

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MASSACRE

Plano seria não deixar prova

PMs podem ter usado armas contrabandeadas

DA SUCURSAL DO RIO

Os onze policiais militares presos por suspeita de participação na chacina de 29 pessoas na Baixada Fluminense no dia 31 de março podem ter usado armas roubadas ou contrabandeadas para matar as vítimas.
A hipótese é levantada pelo diretor da Polícia Técnica do Rio, Roger Ancilotti. Segundo ele, isso pode ter acontecido principalmente com as pistolas do tipo 40 que foram utilizadas nos crimes, segundo os laudos cadavéricos. Esse modelo é o usado pelo PM em serviço. Com armas irregulares e não oficiais, os policiais suspeitos dificultariam a obtenção de provas técnicas contra eles.
"O policial para receber a pistola 40 tem que deixar o número de sua identidade no batalhão. Com isso, fica difícil acreditar que o PM tenha praticado o crime com a arma de serviço. Têm muita pistola 40 que é roubada de PMs que são mortos ou vão parar nas mãos dos traficantes", declarou.
A polícia recebeu 70 pistolas de modelo 40, todas elas dos batalhões da PM em que trabalham os suspeitos. Nenhuma delas foi periciada até agora. Embora não descarte que elas possam ter sido usadas na chacina, Ancilotti disse considerar difícil que o confronto balístico com os projéteis encontrados nas vítimas dê positivo.
As pessoas foram mortas também com tiros de pistola 380, de uso particular. Oito armas deste modelo estão sendo periciadas mas o laudo não foi concluído.
Os laudos cadavéricos indicam que as vítimas foram mortas com 96 tiros. Duas delas- o padeiro César de Souza Penha e o segurança José Augusto Pereira da Silva- com 13 tiros cada uma. A maioria morreu com quatro tiros.

Casa
Ontem, a Polícia Civil informou que a casa descoberta em Queimados na última terça e que serviria de base para reuniões do grupo de PMs suspeitos foi alugada pelo policial Gilmar da Silva Simão, um dos presos. Na casa, foi encontrado um Gol cinza, que pode ter sido utilizado na matança.
Os PMs usariam a casa para extorquir dinheiro de caminhoneiros que eram parados na rodovia Dutra e levados para a casa. Os policiais suspeitos têm 20 anotações de crimes, incluindo homicídios, nos registros da Polícia Civil.
A Polícia Federal informou ontem que concluirá o inquérito sobre a chacina na segunda, independente do resultado das perícias técnicas nos carros e armas apreendidas.


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