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Gilmar Jassé dos Reis viu no anúncio oficial que sua linha seria extinta, o que depois foi negado pela prefeitura
Informação sobre linha preocupa balconista
DO "AGORA"
DA REPORTAGEM LOCAL
A divulgação ontem de anúncio
pago da prefeitura em alguns jornais de São Paulo tirou o sono do
balconista Gilmar Jassé dos Reis,
29, usuário da linha 0207 (Jardim
Nakamura-Rio Pequeno), que,
como consta do anúncio, está na
lista das linhas que serão extintas
pela SPTrans.
Isso porque, se isso ocorrer,
Reis prevê que terá de tomar dois
ônibus -e não apenas um- para chegar ao trabalho. E a chefe
dele, Soraia Costa, já avisou que
não pode pagar mais de duas conduções por dia ao funcionário.
"Uma das condições para contratá-lo foi que eu pagaria apenas
um ônibus para ele vir e outro para ele voltar do trabalho", disse.
Costa gasta R$ 88 por mês com
cada funcionário que utiliza
transporte coletivo. "Não posso
pagar mais do que isso", afirmou.
O balconista, morador do Parque do Lago (zona sul da capital),
explica que terá que pegar pelo
menos mais um ônibus para chegar ao trabalho, na zona oeste.
"Eu teria que pegar um ônibus até
o terminal Capelinha e, de lá, ir
para o terminal João Dias. Depois,
pegaria outro ônibus até a ponte
Cidade Jardim e iria a pé até o trabalho [cerca de 5 km de caminhada]", explica ele.
Mas a prefeitura afirmou que a
informação sobre a linha 0207
que consta na lista divulgada ontem faz parte dos tais "alguns erros" detectados ontem. No entendimento dos técnicos, o verbo
"cancelar" que aparece no anúncio não significa necessariamente
retirar de circulação.
Nessa lista, segundo os técnicos,
também estão linhas que sofrerão
apenas pequenos ajustes de percurso, que mudarão de nome ou
de número.
Mas a SPTrans admite que,
mesmo dizendo que as linhas que
serão extintas serão incorporadas
a outras, poderá haver casos de
usuários que terão de tomar dois
ônibus para fazer o mesmo trajeto
que antes era feito por um.
Sem informação
Ao contrário do balconista Reis,
a maioria dos usuários ouvidos
pela Folha disse ter ficado "surpresa" ao ser questionada sobre
as alterações nas linhas de ônibus.
"Eu não sabia de nada", disse a
empregada doméstica Maria Bento da Costa, 52. "Será que vai mudar a minha linha? Eu, que pego
esse ônibus todo dia, deveria estar
sabendo."
E ela provavelmente estaria, se a
prefeitura tivesse cumprido a promessa de distribuir panfletos informativos -mais de 590 mil-
aos usuários do sistema de transporte coletivo.
Ontem, a Folha esteve em quatro dos 14 terminais municipais
de ônibus. Em nenhum deles
-tanto de manhã quanto à tarde- houve distribuição do material explicativo aos passantes.
A SPTrans disse que houve problemas com a gráfica que imprimiu os informativos. Mas que eles
estarão nas ruas, com uma distribuição "maciça", a partir de hoje.
Nos terminais Santo Amaro
(sul), Penha (leste), Santana (norte) e Parque D. Pedro 2º (centro)
nem mesmo os funcionários da
SPTrans e da Socicam -empresa
contratada para administrar os
locais- sabiam responder quando a panfletagem irá começar e
nem como será feita.
"Assim que os panfletos chegarem, a gente coloca nas mãos do
pessoal e sai distribuindo", afirmou João Carlos Santos, gerente
operacional do terminal Santo
Amaro -um dos maiores da cidade. Questionado sobre o fato de
os funcionários estarem aptos a
tirar dúvidas dos usuários, Santos
disse apenas que "não sabia responder sobre esse assunto".
Outros fiscais da SPTrans
-que não quiseram se identificar- afirmaram que não estavam sequer sabendo da exclusão
das linhas, quanto mais da existência e possibilidade de distribuição dos panfletos.
E eles não são os únicos. Motoristas e cobradores também afirmam que não foram informados
sobre as mudanças.
"Até agora, não tivemos nenhuma orientação. Só cumprimos ordens e vamos aceitar o que vier",
disse Idário dos Santos, 52, motorista da viação Brasil Luxo.
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