São Paulo, sábado, 16 de junho de 2001

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

PÂNICO EM BARUERI

Pessoas que vivem próximas ao local do vazamento tiveram que deixar as casas e foram levadas para escolas

Moradores passam o dia atrás de barreiras

SÉRGIO DURAN
DA REPORTAGEM LOCAL

Os moradores dos locais próximos ao vazamento do gasoduto passaram praticamente todo o dia de ontem em barreiras de proteção montadas pela Polícia Militar.
No início da noite, eles foram levados para escolas de Barueri, na Grande São Paulo, onde foram cadastrados pela Petrobras, que prometeu hospedá-los em hotéis de Osasco, cidade vizinha.
Por volta das 23h, ônibus começaram a sair da escola estadual Prefeito Nestor de Camargo, onde havia cerca de 2.000 pessoas, para os hotéis David Plaza e Volare.
O governador Geraldo Alckmin (PSDB) chegou à escola às 21h40. Nesse momento, os moradores estavam esperando pelo jantar prometido pela Petrobras, que só foi oferecido pouco antes do embarque nos ônibus.
Os moradores tiveram que sair de casa por volta das 10h30. A PM obrigou-os a ficar atrás de barreiras, em distâncias que variavam de 200 a 300 metros do gasoduto onde houve o vazamento.
A ordem era que esperassem na rua por informações de funcionários da Petrobras ou da polícia.
Na rua Caetés, no Jardim Mutinga -que fica na divisa entre Barueri e Carapicuíba, na Grande São Paulo-, estavam concentradas cerca de 300 pessoas, a maioria crianças pequenas. Dois funcionários da Petrobras distribuíram água e refrigerantes.
Às 16h30, os funcionários informaram que haveria distribuição de comida. As crianças formaram fila e ficaram esperando até as 18h, quando os mesmos funcionários informaram que a empresa havia mudado de planos.
Nesse momento, o cheiro de gás estava mais forte, o que levou os funcionários da Petrobras a evacuarem o local. Pouco antes das 19h, ônibus começaram a levar as pessoas para escolas próximas.
"Eles não falam a verdade para a gente. Só ficam enganado. Quando choveu óleo no Tamboré [condomínio em Barueri que sofreu vazamento há cerca de três semanas", os marajás foram todos para um hotel", disse a dona-de-casa Ednalva Soares Silva, 43.
O maior medo da população que foi obrigada a deixar suas casas era de houvessem furtos. A dona-de-casa Luzinete Barbosa, 34, tentou, sem sucesso, furar o bloqueio da polícia para trancar sua casa. "Deixei minha casa toda aberta. Quando eu voltar e não tiver mais nada, a Petrobras vai dar de volta as minhas coisas?"
Três mulheres ignoraram a advertência dos policiais e desceram em direção à rua Vertentes, a poucos metros do local do acidente, para pegar documentos em suas casas. Duas voltaram para a barreira de proteção passando mal e foram levadas para o Pronto-Socorro Central de Barueri.


Texto Anterior: Acidente matou 93 em Cubatão
Próximo Texto: Portadores do HIV ficam sem comer
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.