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Portadores do HIV ficam sem comer
DA REPORTAGEM LOCAL
Um dos momentos mais difíceis da operação de retirada dos
moradores do Jardim Mutinga,
em Barueri (Grande São Paulo),
envolveu os pacientes da casa beneficente Projeto Aids, que fica a
pouco mais de cem metros do local do acidente.
Segundo a presidente da instituição, Norma Lúcia Oliveira, 39,
os 32 doentes começaram a se
sentir mal por causa do cheiro de
gás por volta das 11h.
"De todos, 13 portadores [do vírus da Aids" não estão muito bem.
O cheiro forte fez com que eles tivessem ânsia de vômito. Correr
com todos para a rua foi difícil",
disse Norma, à noite, quando já se
encontrava na escola estadual
Prefeito Nestor de Camargo, para
onde os doentes foram levados.
Na escola, alguns moradores reclamaram pelo fato de ter de ficar
no mesmo ambiente dos pacientes. Para evitar conflitos, os doentes tiveram de ficar isolados em
uma sala de aula.
Os pacientes, que precisam de
cuidados especiais, ficaram sem
comer e sem tomar remédios do
final da manhã até a noite.
Por volta das 21h, uma equipe
médica do Pronto-Socorro do
Jardim Mutinga foi até a escola
verificar o estado dos pacientes.
Isabel dos Santos, 37, estava na
mesma sala dos portadores, apesar de não ser paciente do Projeto
Aids. Ela estava lá porque foi socorrida por eles, que a ajudaram a
sair de casa e a ir até a escola.
Convalescente de uma cirurgia
de câncer no reto, Isabel estava
em casa no momento do acidente
e não conseguiu caminhar sozinha. Seus dois filhos são pequenos e não puderam ajudar.
"Não faz nem um mês que terminei a quimioterapia. Ainda me
sinto muito fraca. O cheiro de gás
me deixou com dor de cabeça e
vontade de vomitar. A sensação
foi pior que o tratamento no hospital", afirmou.
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