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São Paulo, segunda-feira, 16 de junho de 2003

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SAÚDE

ONGs farão protesto amanhã contra escassez de vagas

São Paulo tem falta de leitos para internação de pacientes com Aids

FABIANE LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL

A central de vagas controlada pelo governo do Estado não consegue mais encontrar leitos para pacientes com Aids da região metropolitana de São Paulo. Em dezembro do ano passado, das 60 solicitações realizadas, nenhuma foi atendida. Na capital, faltam 94 vagas de internação, e pacientes são obrigados a esperar em macas nos prontos-socorros.
Os dados são de relatório da Comissão Municipal de DST/Aids do município de São Paulo e servem de mote para protesto que ONGs fazem amanhã na capital paulista. Comissões de outros municípios deverão também apresentar os seus dados.
As falhas na assistência aos portadores do HIV são um dos temas de discussão do 12º Enong (Encontro Nacional de ONGs Aids), aberto na noite de ontem em São Paulo. "Os pacientes são obrigados a ficar perambulando. As unidades de saúde têm de ficar ligando e só conseguimos vagas quando ameaçamos fazer manifestação", afirmou Gilvane Casimiro, presidente do GIV (Grupo de Incentivo à Vida) e integrante da comissão que fez o documento.
Segundo Fábio Mesquita, coordenador do programa municipal de DST/Aids de São Paulo, a prefeitura acelera uma reforma para criar 20 leitos no Hospital do Tatuapé, zona leste. "Vamos fazer um trabalho conjunto para reativar leitos", disse Artur Kalichman, do programa estadual.
De acordo com o relatório da comissão, o déficit de leitos em São Paulo ocorre em razão da extinção de uma série de serviços municipais e estaduais nos últimos anos. Em 1996, o Hospital Brigadeiro, estadual, fechou a enfermaria HIV/Aids e passou a atender apenas a hemofílicos com a doença. Houve ainda a extinção da enfermaria do hospital do Tatuapé, municipal, e de alas do hospital Sorocabana, com 20 leitos, e Guaianazes, estaduais.
A falta de leitos persiste apesar da diminuição do número de internações nos últimos anos, decorrente da oferta universal do "coquetel" de medicamentos anti-Aids. "Há um folclore de que, com a medicação, não são mais necessárias internações", afirma Mesquita. Das 3.366 internações realizadas em 2002, 41% foram no Instituto de Infectologia Emílio Ribas, que recebe pacientes principalmente via pronto-socorro.


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