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SAÚDE
ONGs farão protesto amanhã contra escassez de vagas
São Paulo tem falta de leitos para internação de pacientes com Aids
FABIANE LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL
A central de vagas controlada
pelo governo do Estado não consegue mais encontrar leitos para
pacientes com Aids da região metropolitana de São Paulo. Em dezembro do ano passado, das 60
solicitações realizadas, nenhuma
foi atendida. Na capital, faltam 94
vagas de internação, e pacientes
são obrigados a esperar em macas
nos prontos-socorros.
Os dados são de relatório da Comissão Municipal de DST/Aids
do município de São Paulo e servem de mote para protesto que
ONGs fazem amanhã na capital
paulista. Comissões de outros
municípios deverão também
apresentar os seus dados.
As falhas na assistência aos portadores do HIV são um dos temas
de discussão do 12º Enong (Encontro Nacional de ONGs Aids),
aberto na noite de ontem em São
Paulo. "Os pacientes são obrigados a ficar perambulando. As unidades de saúde têm de ficar ligando e só conseguimos vagas quando ameaçamos fazer manifestação", afirmou Gilvane Casimiro,
presidente do GIV (Grupo de Incentivo à Vida) e integrante da comissão que fez o documento.
Segundo Fábio Mesquita, coordenador do programa municipal
de DST/Aids de São Paulo, a prefeitura acelera uma reforma para
criar 20 leitos no Hospital do Tatuapé, zona leste. "Vamos fazer
um trabalho conjunto para reativar leitos", disse Artur Kalichman, do programa estadual.
De acordo com o relatório da
comissão, o déficit de leitos em
São Paulo ocorre em razão da extinção de uma série de serviços
municipais e estaduais nos últimos anos. Em 1996, o Hospital
Brigadeiro, estadual, fechou a enfermaria HIV/Aids e passou a
atender apenas a hemofílicos com
a doença. Houve ainda a extinção
da enfermaria do hospital do Tatuapé, municipal, e de alas do
hospital Sorocabana, com 20 leitos, e Guaianazes, estaduais.
A falta de leitos persiste apesar
da diminuição do número de internações nos últimos anos, decorrente da oferta universal do
"coquetel" de medicamentos anti-Aids. "Há um folclore de que,
com a medicação, não são mais
necessárias internações", afirma
Mesquita. Das 3.366 internações
realizadas em 2002, 41% foram no
Instituto de Infectologia Emílio
Ribas, que recebe pacientes principalmente via pronto-socorro.
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