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Perda de visão no Rio após uso de
medicamentos será investigada
FREE LANCE PARA A FOLHA
A Polícia Civil e a Vigilância Sanitária do Rio vão investigar os
casos de pacientes que teriam perdido parcial ou totalmente a visão
depois de serem submetidos a cirurgias de retirada de catarata em
hospitais do Estado.
As suspeitas recaem sobre dois
medicamentos utilizados durante
as cirurgias e que poderiam estar
contaminados por bactérias: o
Methyl Lens Hypac 2%, do laboratório Lenssurgical Oftalmologia, que teve ordem de recolhimento expedida pela Anvisa
(Agência Nacional de Vigilância
Sanitária) em fevereiro, por não
ter registro no Ministério da Saúde; e o Oftvisc, do laboratório Oftvision, que teve dois lotes suspensos em abril por contaminação.
Os dois produtos contêm metilcelulose, uma substância viscosa
usada para manter o formato do
olho durante a cirurgia.
A coordenadora-geral de fiscalização sanitária do Rio, Maria de
Lourdes Moura, disse que, se as
denúncias forem comprovadas,
os hospitais onde houve os casos
podem ser responsabilizados.
O Methyl Lens Hypac 2% teria
sido utilizado em janeiro e fevereiro deste ano em dois pacientes
na Santa Casa da Misericórdia, no
Rio, e numa clínica particular de
Niterói. Os dois estabelecimentos
serão investigados também pela
Delegacia de Repressão a Crimes
Contra a Saúde Pública.
"O registro dos medicamentos e
das empresas que os produzem é
publicado no "Diário Oficial" da
União e deve ser checado pelo
gestor do hospital", afirmou
Lourdes. Ela disse desconhecer
problemas semelhantes ocorridos
no Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, da UFRJ
(Universidade Federal do Rio de
Janeiro), onde cinco pessoas teriam perdido a visão depois do
uso do Oftvisc. Nenhum caso foi
notificado à Vigilância Sanitária.
O advogado Alessandro de Paula Freitas, que representa os dois
pacientes da Santa Casa, disse que
o filho de um deles possui uma
ampola do medicamento com um
número de registro no Ministério
da Saúde -que ele agora avalia
ser falsificado. A Mediphacos
(empresa que comercializou um
lote do Methyl Lens Hypac 2%)
também informou que havia um
número de registro nas caixas.
"Nossa empresa foi tão enganada
quanto os hospitais e pacientes",
disse Marcelo Soares, presidente
da empresa.
Segundo ele, a Mediphacos notificou a Anvisa e encomendou
testes em dois laboratórios em janeiro, assim que recebeu a informação de que o produto poderia
estar contaminado.
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