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Exu tranca-ruas vai para o trono ou não vai?
BARBARA GANCIA
Colunista da Folha
Alô, você aí, que também
apóia o projeto do governo,
proibindo o porte e a venda de
armas de fogo e de munição!
Pode ir preparando o balde de
água fria para jogar na própria
cabeça.
Lembra da coluna da semana
passada, em que eu dizia que
armas de fogo são instrumento
do Exu tranca-ruas? Pois dois
terços dos leitores que me escreveram para comentar o assunto se manifestaram contra o
projeto do governo.
A maioria das mensagens começava assim: "Costumo concordar com você, mas dessa vez
você pisou na bola" ou coisa
que o valha.
Um leitor, com duas filhas,
disse que dificilmente conseguiria defendê-las apenas com
uma vassoura de piaçava.
Muitos alegaram que as estatísticas sobre confrontos entre
portadores de armas e criminosos são questionáveis, uma vez
que o cidadão de bem raramente dá queixa à polícia
quando consegue afugentar o
bandido.
Teve ainda quem invocou
que o que está em jogo é a "liberdade individual, a liberdade de escolha e a liberdade do
cidadão contra uma postura
autoritária e ditatorial".
Os mais pragmáticos afirmaram que bastaria aplicar a lei
vigente. Outros tantos esperam
que o governo desarme não só a
população, mas também os
marginais. Enfim, houve quem
tachasse o projeto do governo
de populista, nos moldes dos
projetos antifumo e cinto de segurança implantados na última gestão de Maluf na prefeitura.
Por mais que eu tente fazer
jus ao meu signo solar, balança
(mas não cai), os argumentos
da turma pró-armas não conseguem me comover.
Amanhã o Congresso norte-americano vota reformas na legislação que diz respeito às armas de fogo. Possuir armas nos
Estados Unidos é um direito
garantido pela Constituição
daquele país. E os republicanos, como sempre, irão alegar
que a Carta Magna dos EUA é
irretocável e que qualquer tentativa de mudar as regras estabelecidas por Jefferson e sua
turma não passa de uma admissão de que o Estado falhou e
não está conseguindo cumprir
seus deveres básicos.
Pois eu gostaria de saber como é possível controlar a violência com uma Quinta Emenda daquelas, da época do onça.
Entre a diminuição da violência e a garantia de uma liberdade que nem todos querem, eu
opto pela erradicação das armas. E viva a modernidade!
QUALQUER NOTA
Acusação
A Nike gosta mesmo de ver o
Brasil entrar pelo cano. Ontem, na
CNN, para se defender das acusações de que a empresa explora a
mão-de-obra infantil no Vietnã,
um de seus consultores, de nome
Marc Faber, usou o seguinte argumento: "As pessoas que se preocupam com o trabalho de crianças
deveriam olhar para a produção de
café em países como a Colômbia e
o Brasil, que também usam mão-de-obra infantil".
Dúvida
O diretor Oliver Stone foi pego
dirigindo drogado ou dirigindo filmes que são uma droga?
Bola dentro
Refresco a memória da oposição
lembrando que, há mais de mês,
esta coluna informou que a equipe
Stewart de Fórmula 1 seria comprada pela Ford.
E-mail: barbara@uol.com.br
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