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SAÚDE
Caso ocorreu em Araçatuba, onde há epidemia da doença em cães; paciente foi diagnosticada como doente de leucemia
SP registra primeira morte por leishmaniose
EDMILSON ZANETTI
da Agência Folha, em São José do Rio Preto
O Estado de São Paulo registrou
ontem a primeira vítima fatal de
leishmaniose visceral. A adolescente Patrícia Oliveira de Jesus, 14,
segundo a família, estava sendo
tratada há mais de um ano como
paciente de leucemia, no Hospital
das Clínicas da Unesp de Botucatu.
A direção do hospital informou
que só falaria sobre o caso com autorização da família.
Segundo o diretor do CVE (Centro de Vigilância Epidemiológica),
José Cassio de Moraes, o diagnóstico pode ser confundido com o de
outras doenças porque a leishmaniose é nova no Estado.
Somente há uma semana se descobriu que a garota estava contaminada. Ela morreu ontem de madrugada.
Patrícia morava em Araçatuba
(532 km a noroeste de SP), única
cidade do Estado com registro da
doença tanto em cães como em humanos. Outros dois homens doentes passam bem.
A cidade vive uma epidemia da
doença em cães. Desde o início do
ano, já foram confirmados 739 casos de cães contaminados, em um
universo de cerca de 10 mil examinados.
Até dezembro, devem ser examinados os cerca de 40 mil cães da cidade, uma média de um para cada
quatro moradores.
Os cães doentes são sacrificados
à medida que a doença é confirmada. No animal ela não tem cura. O
cão emagrece, as unhas crescem
exageradamente, surgem feridas e
os pêlos caem.
No homem, é curável, se descoberta e tratada a tempo. Os sintomas são febre contínua, anemia,
perda de peso, aumento do fígado
e do baço. Patrícia chegou a perder
15 quilos, segundo uma tia.
Além de Araçatuba, 13 cidades
vizinhas, em um raio de 50 quilômetros, têm registros de cães
doentes.
Técnicos da Vigilância Epidemiológica farão exame de sangue
em moradores e cães em um raio
de 200 metros da casa da vítima.
A Sucen fará trabalho de pulverização para eliminar o mosquito
transmissor. A doença é transmitida pelo Lutzomya longipalpis, depois de picar um cão ou uma pessoa contaminada.
O diretor do CVE disse que a Secretaria da Saúde estuda liberação
de recursos para um programa específico de combate à doença.
O combate tem sido feito de forma precária. O único veículo que
serve de carrocinha é usado para
transportar funcionários e atender
chamadas em residências. Há dois
meses, faltou anestésico usado no
sacrifício de animais doentes.
O mosquito transmissor foi detectado em Araçatuba em abril de
1997, os primeiros sintomas da
doença surgiram em julho do ano
passado, mas o alerta público só
foi dado no segundo semestre.
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