São Paulo, Quarta-feira, 16 de Junho de 1999
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SAÚDE
Caso ocorreu em Araçatuba, onde há epidemia da doença em cães; paciente foi diagnosticada como doente de leucemia
SP registra primeira morte por leishmaniose

EDMILSON ZANETTI
da Agência Folha, em São José do Rio Preto

O Estado de São Paulo registrou ontem a primeira vítima fatal de leishmaniose visceral. A adolescente Patrícia Oliveira de Jesus, 14, segundo a família, estava sendo tratada há mais de um ano como paciente de leucemia, no Hospital das Clínicas da Unesp de Botucatu.
A direção do hospital informou que só falaria sobre o caso com autorização da família.
Segundo o diretor do CVE (Centro de Vigilância Epidemiológica), José Cassio de Moraes, o diagnóstico pode ser confundido com o de outras doenças porque a leishmaniose é nova no Estado.
Somente há uma semana se descobriu que a garota estava contaminada. Ela morreu ontem de madrugada.
Patrícia morava em Araçatuba (532 km a noroeste de SP), única cidade do Estado com registro da doença tanto em cães como em humanos. Outros dois homens doentes passam bem.
A cidade vive uma epidemia da doença em cães. Desde o início do ano, já foram confirmados 739 casos de cães contaminados, em um universo de cerca de 10 mil examinados.
Até dezembro, devem ser examinados os cerca de 40 mil cães da cidade, uma média de um para cada quatro moradores.
Os cães doentes são sacrificados à medida que a doença é confirmada. No animal ela não tem cura. O cão emagrece, as unhas crescem exageradamente, surgem feridas e os pêlos caem.
No homem, é curável, se descoberta e tratada a tempo. Os sintomas são febre contínua, anemia, perda de peso, aumento do fígado e do baço. Patrícia chegou a perder 15 quilos, segundo uma tia.
Além de Araçatuba, 13 cidades vizinhas, em um raio de 50 quilômetros, têm registros de cães doentes.
Técnicos da Vigilância Epidemiológica farão exame de sangue em moradores e cães em um raio de 200 metros da casa da vítima.
A Sucen fará trabalho de pulverização para eliminar o mosquito transmissor. A doença é transmitida pelo Lutzomya longipalpis, depois de picar um cão ou uma pessoa contaminada.
O diretor do CVE disse que a Secretaria da Saúde estuda liberação de recursos para um programa específico de combate à doença.
O combate tem sido feito de forma precária. O único veículo que serve de carrocinha é usado para transportar funcionários e atender chamadas em residências. Há dois meses, faltou anestésico usado no sacrifício de animais doentes.
O mosquito transmissor foi detectado em Araçatuba em abril de 1997, os primeiros sintomas da doença surgiram em julho do ano passado, mas o alerta público só foi dado no segundo semestre.


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