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MEDICAMENTOS
Segundo especialistas, profissionais não confiam na distribuição gratuita
Desinformação leva médicos a não receitar remédios genéricos
da Reportagem Local
Desinformação e desconfiança
com relação ao serviço público
estariam por trás da resistência
de parte dos médicos em receitar
os remédios distribuídos de graça pelo governo. Essa opinião é
compartilhada por diversos profissionais e entidades médicas.
Uma pesquisa realizada pela
Universidade Estadual Paulista
(Unesp) em três cidades do interior de São Paulo mostrou que a
maioria dos médicos da rede pública não receita os medicamentos oferecidos pelo governo. O
mesmo estudo revelou que um
contingente maior ainda não
utiliza o nome genérico do medicamento.
Na prática, essas duas atitudes
impedem que muitos pacientes
do SUS se beneficiem dos remédios gratuitos, tendo que comprá-los na farmácia. "Muitas vezes o médico poderia substituir
uma marca de remédio por um
genérico produzido pelo Estado,
mas não o faz por falta de confiança ou de conhecimento", diz
Raul Cutait, presidente do Instituto para o Desenvolvimento da
Saúde. Segundo ele, esse problema tende a desaparecer quando
o serviço público adotar normas
de conduta padronizadas.
Pedro Paulo Monteleone, presidente do Conselho Regional de
Medicina de São Paulo, diz que é
preciso maior troca de informação entre instituições do governo e a classe médica. "A lista de
medicamentos disponíveis precisa ser do conhecimento de todos os médicos da rede pública e
a primeira opção deve ser uma
droga dessa lista", diz.
José Erivalder Guimarães de
Oliveira, presidente do Sindicato dos Médicos de São Paulo, diz
que muitos postos de saúde não
têm nem sequer a lista dos remédios disponíveis.
Maria Jacira Silva Simões, professora de saúde pública e que
coordenou a pesquisa da Unesp,
diz que vem aumentando o número de médicos que receitam
remédios oferecidos pelo governo. "Mas, no geral -ressalva a
pesquisadora-, pelo menos
30% das receitas ainda trazem
medicamentos que não constam
da lista."
O problema se agrava porque a
maioria dos médicos ainda não
utiliza o nome genérico, que é a
substância ativa do remédio, como prevê a lei. O nome genérico
permitiria que o remédio de
uma marca comercial fosse
substituído por outro fornecido
pelo governo. "Vamos reforçar a
necessidade de prescrever o nome genérico nas nossas unidades", diz Harue Ohashi, secretária executiva da Comissão de
Medicamentos Básicos da Secretaria de Estado da Saúde.
O governo do Estado de São
Paulo está gastando neste ano
cerca de R$ 220 milhões em medicamentos. O Ministério da
Saúde, por sua vez, repassa remédios num valor estimado em
R$ 155 milhões. Por último, os
municípios entram com uma
contrapartida equivalente a R$
0,50 por habitante/ano.
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