São Paulo, domingo, 16 de julho de 2000


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Só 6% tem rede de esgoto em Belém

LUÍS INDRIUNAS
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELÉM

Belém vive uma situação crítica em termos de saneamento. Apenas 6% da população, cerca de 72 mil pessoas, possui rede de esgoto, segundo o diretor-técnico da Cosanpa (Companhia de Saneamento do Pará), Wady Homsi.
São 18,8 mil km2 da área urbana com rede de esgoto, também 6% da área total do município.
Pela falta de esgoto, o rio Guamá e Baia do Guajará, que margeiam a cidade, recebem grande parte dos detritos urbanos.
Segundo dados da Prefeitura de Belém, 91% dos domicílios tinham fossas artesanais em 98. Cerca de 7% das casas jogavam a céu aberto fezes e urina.
Segundo a presidente da Saeb (Serviço Autônomo de Água e Esgoto de Belém), Cléa Ferreira, a existência de fossas nas casas não quer dizer bom tratamento de esgoto. "Há muitos domicílios com fossas que contaminam o lençol freático. Além disso, a maioria das fossas artesanais retém apenas 20% ou 30% do que é jogado no encanamento da casa", disse.
O restante dos detritos segue diretamente para a rede de drenagem da cidade, construída para a escoar as águas das chuvas que são diárias em Belém.

Palafitas
Com parte de sua área construída sobre o rio, a cidade conta ainda com o problema das palafitas à beira rio. Na maioria dessas casas, sustentadas por estacas, o vaso sanitário é apenas um buraco no chão, deixando que os dejetos caiam diretamente no leito.
As 320 famílias que vivem em Vila da Barca, bairro próximo ao porto de Belém, conhecem bem a realidade de viver sem saneamento básico (leia texto nesta página).
Não há índices oficiais de coliformes fecais nos rios da cidade.
A professora de química da Universidade Federal do Pará Vera Nobre Braz, no entanto, estudou o canal do Tucumbuba, que percorre bairros de Belém, e constatou uma média de 40 mil coliformes fecais por 100 ml de água, índice considerado impróprio.
A situação também não é boa nas praias do município. Na semana passada, a Sectam (Secretaria Estadual de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente) informou que sete praias nos distritos de Icoaraci, Outeiro e Mosqueiro estavam impróprias para banho.
A situação pode melhorar aos poucos. Segundo Homsi, até o final do ano cerca de 20% da área urbana deverá fazer parte da rede e tratamento de esgoto.
Os benefícios estão incluídos no projeto de macrodrenagem, que deve criar uma rede de drenagem de água e esgoto em 60% da área urbana até o final de 2001.
O projeto, que vai custar US$ 250 milhões, é financiado pelo BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) com contrapartida do Estado.


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