São Paulo, segunda-feira, 16 de julho de 2001

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Cursos dependem de não-efetivo

DA REPORTAGEM LOCAL

Os substitutos representam 14% do corpo docente das 52 instituições federais, mas têm concentrações maiores em alguns cursos que, sem eles, acabariam.
Todo o ciclo profissionalizante de fonoaudiologia da UFBA (Bahia) é dado por cinco professoras substitutas. Elas aguardam o concurso e esperam ser efetivadas.
"Há falta de profissionais. É difícil recrutar aqui", disse a professora Ana Paula Corona, 28, uma gaúcha que fez especialização na UFBA e ficou como substituta.
Ela ganha R$ 650 por 40 horas semanais. "Faço porque gosto de dar aula." Corona atende em uma clínica para completar a renda.
A Ufac (federal do Acre) abriu, neste ano, seleção para 12 docentes, em período integral, para enfermagem, com salário de R$ 986. Só apareceram três candidatos. "Os hospitais do Estado e do município pagam melhor [cerca de R$ 1.200"", disse o reitor Jonas Pereira de Souza Filho. "Não dá para exigir mestrado ou doutorado."
Para manter o curso, a universidade fez convênio com o Estado, que empresta nove profissionais.
A Esam (RN) tem 13 substitutos entre os 25 docentes da veterinária. "O maior problema é a descontinuidade", disse o diretor Marcelo José Pedrosa Pinheiro. "O substituto assume, organiza o curso, monta disciplinas. Quando está desenvolvendo bem, sai, porque a lei só permite dois anos."
Em Natal, a UFRN, segundo o reitor Ótom Anselmo de Oliveira, depende de substitutos para serviço social, ciências contábeis, medicina e biológicas.
O MEC reconhece a deficiência da qualidade do ensino que depende dos substitutos, mas não vai aumentar o número de professores estatutários (com estabilidade e aposentadoria integral). Exemplo disso são as 2.000 vagas a serem abertas no concurso, insuficientes para evitar a dependência de não-efetivos. (EM)


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