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MODA
Sem aparição de menores com fama internacional,
Semana BarraShopping tem blitz em camarim
Juiz veta desfile de modelo menor de 18 anos que não estuda
CRISTIAN KLEIN
WAGNER MATHEUS
DA SUCURSAL DO RIO
"Fecha a porta e pede para botar
a roupa." Foi com esse aviso, feito
por um comissário do Juizado de
Menores, que modelos brasileiras
de fama internacional foram surpreendidas na tarde de ontem,
enquanto se preparavam nos camarins da Semana BarraShopping de Estilo, no Rio, um dos
mais importantes desfiles do país.
Algumas modelos trocavam de
roupa, seminuas, quando oito comissários da 1ª Vara da Infância e
da Juventude chegaram aos bastidores. "Isso é uma palhaçada. Vá
tirar as crianças da rua", gritava a
modelo Mariana Weickert, 19.
Os comissários foram ao desfile
para fiscalizar a decisão do juiz Siro Darlan, que, na última sexta,
proibiu modelos menores de 18
anos de trabalharem no evento. O
juiz é o mesmo que vetou a participação de crianças na gravação
de vários novelas.
Darlan, no entanto, conseguiu o
apoio de uma das mais importantes modelos do país, Shirley Mallmann, 24. "Apóio a decisão do
juiz. Foi muito difícil para eu começar aos 18 anos. Imagine para
uma menina menor de idade."
Baseado no Estatuto da Criança
e do Adolescente, Siro Darlan
concedeu autorização para desfilar apenas às modelos menores de
18 que estão estudando. "É uma
decisão para proteger essas meninas. Elas sofrem o mesmo tipo de
exploração das crianças que vendem amendoim nos sinas de trânsito, obrigadas pelos pais", disse.
A decisão de Darlan -que concedeu apenas 21 das 68 autorizações solicitadas- gerou um caos
na Semana BarraShopping de Estilo. Duas modelos internacionais, Raica Oliveira e Tatiana Rossi, ambas de 17 anos, desistiram
de participar porque não poderiam comprovar os estudos.
A modelo Daniela Sarahyba, 17,
precisou correr de um lado para
outro na sexta, atrás da documentação. Teve de pegar o boletim no
colégio e ainda achar o certificado
de óbito do pai, já que era necessário a autorização dos pais.
Mesmo as modelos maiores de
idade ficaram desesperadas com
o risco de não desfilar. Os comissários só deixavam ir à passarela
quem apresentasse documento.
A modelo Ana Beatriz Barros,
19, que esquecera o passaporte no
hotel, sofria no celular, pedindo
para que lhe mandassem uma cópia por fax. "Como podem achar
que eu tenho cara de menor?",
queixou-se, falando no celular em
forma de ursinho de pelúcia.
No desfile da grife Coopa Roca,
com roupas feitas por costureiras
da Rocinha, as modelos protestaram, entrando com a carteira de
identidade na passarela.
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