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SEXO INSEGURO
Doença é uma das principais causas da infertilidade feminina e pode provocar partos prematuros
Cresce a ocorrência de clamídia em mulheres jovens
CLÁUDIA COLLUCCI
DA REPORTAGEM LOCAL
A clamídia, doença sexualmente transmissível, está aumentando
entre as mulheres jovens e deve figurar entre as principais causas
de infertilidade feminina, segundo especialistas. Assintomática
em 70% dos casos, ela pode causar obstrução tubária quando
não-tratada. Nas gestantes, a infecção causa o rompimento da
bolsa amniótica, provocando o
parto prematuro.
Dados preliminares de uma
pesquisa que está sendo realizada
pelo Programa Nacional de DST/
Aids, do Ministério da Saúde, em
seis capitais brasileiras, aponta
que 9,3% das 2.948 gestantes pesquisadas tinham clamídia.
Na Europa, a incidência da
doença, que também afeta homens, dobrou nos últimos dez
anos. A principal razão é atribuída ao sexo inseguro. O assunto foi
discutido em pelo menos duas
conferências durante o congresso
da Sociedade Européia de Reprodução Humana e Embriologia,
que aconteceu em Copenhague
(Dinamarca).
Segundo o médico Willian Ledger, professor da Universidade de
Sheffield (Inglaterra), 60% dos casos de clamídia ocorrem antes
dos 30 anos. "É um problema
mundial. O jovem faz sexo sem
proteção e não acredita que esteja
correndo perigo."
No Brasil, não há um levantamento histórico sobre a doença
porque apenas o HIV e a sífilis
congênita são DSTs (doenças sexualmente transmissíveis) de notificação compulsória.
A estimativa do Ministério da
Saúde é que, no ano de 2002, o
país tivesse 10 milhões de casos de
DSTs - a clamídia respondia por
20% deles. Nos EUA, são notificados 3 milhões de novos casos de
clamídia por ano.
Segundo Valdir Monteiro Pinto, responsável pela unidade de
DST do Ministério da Saúde, o aumento dessas doenças entre os jovens também é uma preocupação
do governo brasileiro. Ele afirma
que, entre as estratégias de prevenção, está a educação sexual
nas escolas. "O sexo seguro deve
ser ensinado antes que eles iniciem a vida sexual."
Pinto diz que é muito comum os
jovens começarem um relacionamento com uso da camisinha,
mas abandonarem a prática logo
em seguida por acreditarem se
tratar de uma relação duradoura.
"Aí a história termina, outra começa e o ciclo se repete. Ao fim de
um ano, ele já trocou quatro vezes
de parceira. É o que chamamos de
monogamia seriada", afirma.
Infertilidade
Na opinião de Willian Ledger,
os governantes deveriam atentar
para os custos que esse aumento
das DSTs entre os jovens representará aos sistemas de saúde.
Hoje, elas estão entre as principais
causas de infertilidade feminina,
responsáveis por 30% dos casos
de dificuldade de gravidez.
Segundo ele, até a década passada, o problema das DSTs estava
mais concentrado em países como a Índia e a África -nesse último, por exemplo, 80% das mulheres em idade fértil têm algum
tipo de DST, incluindo HIV.
Na avaliação do médico Dirceu
Mendes Pereira, secretário-geral
da Sociedade Brasileira de Reprodução Humana, atrizes que se
vangloriam de trocar de namorados a cada semana deveriam ser
convidadas a participar de uma
campanha que incentivasse os jovens a fazer sexo seguro. "Essas
pessoas têm grande influência sobre o jovem."
Obesidade
Outro fator de infertilidade bastante discutido durante o congresso foi o aumento da obesidade entre mulheres jovens. Hoje,
26,6% das européias (até 19 anos)
estão com sobrepeso, segundo
pesquisa apresentada por Ledger.
A obesidade causa problemas
metabólicos que levam à diabetes
tipo 2, à falta de ovulação e, conseqüentemente, à infertilidade. Pesquisas também mostram que o
tratamento de reprodução assistida em mulheres obesas tende a
ser mais complicado. Há maior
dificuldade de implantação do
embrião no útero e mais chances
de abortamento.
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