São Paulo, quinta-feira, 16 de julho de 2009

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ANÁLISE

Índice revela grau de desenvolvimento

HÉLIO SCHWARTSMAN
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS

A mortalidade infantil é um indicador complexo. Ao contabilizar o número de bebês que morrem antes de completar um ano de vida, o índice acaba por revelar uma série de características econômicas, sociais e sanitárias de um país ou região.
O peso de cada fator varia conforme o patamar em que se encontra o indicador. Assim, os chamados Estados fracassados (cuja infraestrutura foi praticamente aniquilada por guerras e catástrofes naturais ou políticas) costumam apresentar taxas superiores a cem mortes por mil nascimentos com vida.
É o caso de Afeganistão (165), Serra Leoa (155) e Angola (116) -indicadores apenas um pouco melhores do que a taxa de 200 por mil estimada para a Idade Média, época em que não havia vacinas nem antibióticos.
Quando os índices são altos, é possível obter avanços significativos com iniciativas simples que atinjam grandes fatias da população, como oferecer água tratada e esgoto, campanhas de vacinação e pelo aleitamento materno exclusivo.
Países que fazem a "lição de casa" conseguem no espaço de poucas décadas reduzir drasticamente suas mortes. O Brasil baixou sua taxa de 46,9 por mil em 1990 para 19,33 em 2007.
À medida, porém, que a situação melhora, fica mais difícil avançar com rapidez. É mais ou menos nessa encruzilhada que o Estado de São Paulo se encontra. Embora ainda sejam necessários investimentos básicos, como esgotos para a Baixada Santista, já mais da metade dos óbitos infantis se deve às chamadas causas perinatais (até o sétimo dia de vida), que não se resolvem com medidas singulares de alto impacto.
Ao contrário, enfrentá-las depende de ações altamente individualizadas, em especial de um bom acompanhamento médico durante a gestação, que permita identificar fatores de risco antes das complicações.
O esforço não deve limitar-se à oferta de serviços obstétricos, mas precisa abarcar também a demanda: é preciso convencer as mulheres da importância de iniciar o pré-natal e não abandoná-lo. Sucessos aqui têm implicações também sobre a mortalidade materna e muitas vezes dependem de avanços em campos não médicos, como a escolarização.


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