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ANÁLISE
Índice revela grau de desenvolvimento
HÉLIO SCHWARTSMAN
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS
A mortalidade infantil é um
indicador complexo. Ao contabilizar o número de bebês que
morrem antes de completar
um ano de vida, o índice acaba
por revelar uma série de características econômicas, sociais e
sanitárias de um país ou região.
O peso de cada fator varia
conforme o patamar em que se
encontra o indicador. Assim, os
chamados Estados fracassados
(cuja infraestrutura foi praticamente aniquilada por guerras e
catástrofes naturais ou políticas) costumam apresentar taxas superiores a cem mortes
por mil nascimentos com vida.
É o caso de Afeganistão (165),
Serra Leoa (155) e Angola (116)
-indicadores apenas um pouco melhores do que a taxa de
200 por mil estimada para a
Idade Média, época em que não
havia vacinas nem antibióticos.
Quando os índices são altos, é
possível obter avanços significativos com iniciativas simples
que atinjam grandes fatias da
população, como oferecer água
tratada e esgoto, campanhas de
vacinação e pelo aleitamento
materno exclusivo.
Países que fazem a "lição de
casa" conseguem no espaço de
poucas décadas reduzir drasticamente suas mortes. O Brasil
baixou sua taxa de 46,9 por mil
em 1990 para 19,33 em 2007.
À medida, porém, que a situação melhora, fica mais difícil avançar com rapidez. É mais
ou menos nessa encruzilhada
que o Estado de São Paulo se
encontra. Embora ainda sejam
necessários investimentos básicos, como esgotos para a Baixada Santista, já mais da metade dos óbitos infantis se deve às
chamadas causas perinatais
(até o sétimo dia de vida), que
não se resolvem com medidas
singulares de alto impacto.
Ao contrário, enfrentá-las
depende de ações altamente individualizadas, em especial de
um bom acompanhamento
médico durante a gestação, que
permita identificar fatores de
risco antes das complicações.
O esforço não deve limitar-se
à oferta de serviços obstétricos,
mas precisa abarcar também a
demanda: é preciso convencer
as mulheres da importância de
iniciar o pré-natal e não abandoná-lo. Sucessos aqui têm implicações também sobre a mortalidade materna e muitas vezes dependem de avanços em
campos não médicos, como a
escolarização.
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