São Paulo, quinta, 16 de julho de 1998

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Remédio pode ter matado mais 2 em MG

free-lance para a Agência Folha

Mais duas famílias mineiras denunciaram ontem a possibilidade de o remédio Androcur falsificado ter acelerado a morte de doentes de câncer na próstata.
As famílias do cobrador de ônibus Agenor Gomes do Nascimento, 58, e do aposentado José Guimarães Horta, 61, -mortos respectivamente em março e janeiro deste ano, de câncer na próstata- afirmam que as mortes estão relacionadas ao tratamento com o remédio inócuo. Os remédios pertenciam ao lote 351.
Já são cinco os casos de morte no Estado que podem ser relacionadas ao uso de Androcur falso.
Nascimento, que morava em Contagem (região metropolitana de Belo Horizonte), descobriu em abril de 97 que tinha câncer e passou a se tratar com Androcur.
Ele conseguia o remédio gratuitamente no hospital público Felício Rocho, que comprou o lote falso da Ação Distribuidora de Medicamentos Ltda. Um dos filhos de Nascimento, Ildo do Nascimento, tem ainda quatro caixas do Androcur, lote 351. Ele vai aguardar a conclusão das investigações para exigir ressarcimento na Justiça.
Segundo Ildo, o pai quis largar a medicação pois estava sentindo muitas dores e afirmava que o remédio não estava fazendo nenhum efeito.
Em Timóteo (266 km de Belo Horizonte), um dos filhos de José Guimarães Horta, Joaquim Guimarães Horta, foi à delegacia da cidade anteontem levando duas caixas de Androcur do lote 351.
Ele conta que o pai descobriu a doença em julho de 97 e, desde então, vinha tomando o Androcur.
Joaquim diz não poder afirmar se o pai tomou ou não durante todo esse tempo o lote falso, já que que ele não guardou as outras caixas, só restando as duas últimas.
Estas foram conseguidas na Fundação de Ação Social de Timóteo. O responsável pela farmácia da entidade, Renaldo Rodrigues Pena, diz que está fazendo um levantamento para saber de onde comprou o medicamento.
Ele diz que comprava o Androcur da Ação e da BH Farma Comércio e Representações LTDA.
Outra denúncia foi feita no início do mês em Timóteo. O ex-prefeito da cidade Antônio Dias Martins, 62, morreu em junho deste ano de câncer na próstata e teria tomado por quatro meses o remédio inócuo comprado da Dinâmica Distribuidora, que pertence à família do dono da Ação. (RB)



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