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Remédio pode
ter matado mais 2 em MG
free-lance para a Agência Folha
Mais duas famílias mineiras denunciaram ontem a possibilidade
de o remédio Androcur falsificado
ter acelerado a morte de doentes
de câncer na próstata.
As famílias do cobrador de ônibus Agenor Gomes do Nascimento, 58, e do aposentado José Guimarães Horta, 61, -mortos respectivamente em março e janeiro
deste ano, de câncer na próstata-
afirmam que as mortes estão relacionadas ao tratamento com o remédio inócuo. Os remédios pertenciam ao lote 351.
Já são cinco os casos de morte no
Estado que podem ser relacionadas ao uso de Androcur falso.
Nascimento, que morava em
Contagem (região metropolitana
de Belo Horizonte), descobriu em
abril de 97 que tinha câncer e passou a se tratar com Androcur.
Ele conseguia o remédio gratuitamente no hospital público Felício Rocho, que comprou o lote falso da Ação Distribuidora de Medicamentos Ltda. Um dos filhos de
Nascimento, Ildo do Nascimento,
tem ainda quatro caixas do Androcur, lote 351. Ele vai aguardar a
conclusão das investigações para
exigir ressarcimento na Justiça.
Segundo Ildo, o pai quis largar a
medicação pois estava sentindo
muitas dores e afirmava que o remédio não estava fazendo nenhum efeito.
Em Timóteo (266 km de Belo
Horizonte), um dos filhos de José
Guimarães Horta, Joaquim Guimarães Horta, foi à delegacia da
cidade anteontem levando duas
caixas de Androcur do lote 351.
Ele conta que o pai descobriu a
doença em julho de 97 e, desde então, vinha tomando o Androcur.
Joaquim diz não poder afirmar
se o pai tomou ou não durante todo esse tempo o lote falso, já que
que ele não guardou as outras caixas, só restando as duas últimas.
Estas foram conseguidas na
Fundação de Ação Social de Timóteo. O responsável pela farmácia da entidade, Renaldo Rodrigues Pena, diz que está fazendo
um levantamento para saber de
onde comprou o medicamento.
Ele diz que comprava o Androcur da Ação e da BH Farma Comércio e Representações LTDA.
Outra denúncia foi feita no início do mês em Timóteo. O ex-prefeito da cidade Antônio Dias Martins, 62, morreu em junho deste
ano de câncer na próstata e teria
tomado por quatro meses o remédio inócuo comprado da Dinâmica Distribuidora, que pertence à
família do dono da Ação.
(RB)
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