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Leis feitas a pedidos são falhas
especial para a Folha
No afã de dar uma resposta à sociedade, o Congresso acabou
aprovando algumas leis mal elaboradas, com defeitos que as tornam
de difícil aplicação.
Foi assim com a Lei dos Crimes
Hediondos e com a Lei do Crime
Organizado.
"As piores leis são aquelas feitas
sob pressão", comenta o advogado criminalista Eduardo Muylaert.
A Lei do Crime Organizado é tão
deficiente que nem sequer conseguiu definir o que é crime organizado, chegando a confundir "organização criminosa" com "quadrilha ou bando".
Transformou o juiz em investigador, ao determinar que ele, pessoalmente, colha dados fiscais,
bancários, financeiros e eleitorais.
E tornou as provas colhidas pelo
juiz sigilosas.
"É inconstitucional. Dá ao juiz
atribuição que a Constituição não
prevê e contraria o princípio da
publicidade", afirma o juiz Luiz
Flávio Gomes.
A Lei dos Crimes Hediondos é
uma das mais criticadas pelos operadores do direito.
Com ela, o estupro tornou-se um
crime mais grave do que o homicídio, por exemplo.
"Um beijo lascivo forçado é tão
grave quanto obrigar alguém a
praticar coito anal (as duas condutas enquadram-se no crime de
atentado violento ao pudor), com
seis anos de pena mínima cumprida em regime fechado. É uma grave distorção", exemplifica Alberto
Zacharias Toron, advogado criminalista.
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