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VIOLÊNCIA
Relatório da Justiça Global será entregue à ONU; em Guarulhos, PMs são denunciados por suspeita de integrar grupo de extermínio
Brasil viola os direitos humanos, diz ONG
FREE-LANCE PARA A FOLHA CAMPINAS
DO "AGORA"
Um relatório que será entregue
à ONU nesta semana aponta,
mais uma vez, que crimes cometidos por policiais e por grupos de
extermínio são uma prática disseminada no Brasil.
O documento, elaborado pela
ONG Justiça Global, foi apresentado ontem em quatro cidades
-São Paulo, Campinas, Boston
(EUA) e Londres (Reino Unido).
Os papéis apontam omissão,
conivência e autoria de policiais e
de outros agentes públicos em crimes de tortura e assassinatos em
24 dos 27 Estados brasileiros (incluído aí o Distrito Federal).
A ONG coloca o Brasil como
um dos principais países em números de assassinatos sumários
praticados por policiais, mas não
comparou os dados levantados
com os de outras nações. "Em todos os Estados, o fato mais sério é
a impunidade e a violação dos direitos humanos. As respostas
nunca estão à altura do recomendado internacionalmente", afirmou a relatora Sandra Carvalho.
Por meio de dados oficiais, o relatório levantou assassinatos sumários de ao menos 349 pessoas
desde 1997. Desses, 202 ficaram
sem nenhum tipo de ação contra
os seus autores.
Na capital, a ONG cita o "caso
Chacal", em julho de 2001, quando quatro policiais mataram quatro supostos membros do PCC
(Primeiro Comando da Capital).
O documento ainda lembra o
caso da rodovia Castelinho (Sorocaba), quando policiais da capital
mataram 12 pessoas que teriam ligação com o PCC.
O relatório também traz acusações de atuação de grupos de extermínio em Campinas, em Ribeirão Preto e em Guarulhos.
Em Guarulhos, dez PMs, lotados nos 15º e 31º batalhões da corporação, foram denunciados à
Justiça, no fim de agosto, sob a
suspeita de integrarem um suposto grupo de extermínio que agiria
na cidade pelo menos desde 1999.
Os acusados, segundo a denúncia do Ministério Público à Justiça, são responsáveis pelas mortes
de 12 pessoas e por outras oito
tentativas de homicídio.
Na quinta-feira, dia 11, um dos
PMs denunciados, Cláudio Honório de Moraes, o Véia, 37, foi interrogado. Ele é acusado de ter
participado do assassinato de três
jovens em 6 de abril deste ano.
Véia foi denunciado pelo Ministério Público ao lado dos civis Sérgio da Silva, o Serginho, 29, e
Cláudio Rodrigues dos Santos, o
Fininho, 21, seguranças de comerciantes da região onde os jovens
foram mortos. Os três acusados
estão presos.
O soldado Sandro Augusto Batista Vilas Boas, 26, é outro PM
preso por suspeita de participação em ações do grupo de extermínio. Ele é acusado de ter tentado matar, em 2001, E.N.G.. A vítima levou cinco tiros e ficou cega.
O setor de comunicação social
da PM informou, por meio de nota oficial, que a Corregedoria da
corporação continua investigando a existência do suposto grupo
de extermínio formado por PMs
de Guarulhos e que mais informações só serão divulgadas no final
das investigações.
A nota diz, ainda, que nenhuma
informação pode ser divulgada
pela corporação para que o sigilo
da investigação sobre o suposto
grupo de extermínio formado por
PMs não seja comprometido.
A nota, porém, não faz menção
aos pedidos de entrevistas com os
comandantes do 15º e 31º batalhões da corporação, em Guarulhos, feitos pela reportagem.
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