CARLA CONTE
da Reportagem Local

A Vigilância Sanitária de pelo menos cinco Estados ainda não foi notificada pelo Ministério da Saúde sobre o recolhimento do lote 253 da pílula Microvlar.
No fim-de-semana, foi descoberta cartela desse lote com uma irregularidade -só tinha 20 drágeas em lugar de 21.
O secretário Gonzalo Vecina Neto informou que havia enviado, na segunda-feira, notificação a todos os Estados para recolhimento imediato do lote -de acordo com a assessoria de imprensa da Secretaria Nacional da Vigilância Sanitária, do Ministério da Saúde.
No episódio do Androcur, remédio contra câncer que foi falsificado, o ministério também demorou para acionar os Estados. A Vigilância do Mato Grosso do Sul, por exemplo, só foi avisada para apreender o lote falso após três meses de a Vigilância federal ter sido acionada. Pelo menos dez pacientes tiveram a morte acelerada pelo uso do remédio falso.

Sem recolhimento
"Já estamos sabendo do caso pela imprensa, mas não houve notificação do ministério", disse Celso Luiz Rubio, diretor da Vigilância Sanitária do Paraná.
"Às vezes, o ministério chega a telefonar ou enviar notificação por fax para acelerar a divulgação das medidas, mas, até agora, não sabemos de nada oficial."
Na mesma situação estão as Vigilâncias de Pernambuco, Rio de Janeiro e Minas Gerais, que não iniciaram o processo de recolhimento da Microvlar do lote 253.
A Vigilância do Rio Grande do Sul, apesar de não ter recebido ainda notificação, já iniciou o processo de recolhimento do produto. "Estamos sabendo da irregularidade nesse lote pelos jornais e pela TV. Por isso, nos adiantamos", disse Wilson Fontana, do Departamento de Medicamentos e Correlatos da Vigilância gaúcha.
A prioridade de notificação deveria ser, pelo menos, a região Sul do país, para onde foi a maior parte das cartelas desse lote, segundo o laboratório. Mas, até ontem à noite, apenas a Vigilância de Santa Catarina havia sido notificada.
Procurado pela Folha por meio de sua assessoria, o secretário Vecina Neto não foi localizado.



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