São Paulo, quarta-feira, 16 de outubro de 2002

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Associações de bairro já se mobilizam

DA REPORTAGEM LOCAL

Temendo que o cronograma apertado prejudique a participação popular na elaboração dos planos regionais, urbanistas e membros de associações de bairro da capital já se mobilizaram na discussão de soluções para as diversas áreas da cidade.
"Seria interessante ter um tempo maior para os planos serem bem feitos, mas as pessoas estão se organizando para o embate", disse o urbanista Ari Albano.
Ele é um dos profissionais empenhados nas discussões com a comunidade para a elaboração dos projetos regionais. "Estou participando das reuniões com os movimentos e acho que a maioria dos bairros está pronta para a discussão. Há um princípio muito claro de que ninguém quer que o que há de bom na região, a qualidade de vida, se perca", disse.
Segundo a arquiteta e presidente do movimento Defenda São Paulo, Regina Monteiro, nos bairros o trabalho já começou. "Nós já estávamos preocupados com esse problema da falta de pessoal e da falta de tempo e estamos fazendo reuniões semanais há um mês para agilizar o processo."
De acordo com Regina, os subprefeitos têm ajudado na tarefa. "Estamos oferecendo nosso trabalho voluntário, fazendo as plenárias e discutindo com a população. Em que pese que o prazo é curto, a prefeitura está tentando fazer a parte dela. Só temo que a participação da sociedade seja reduzida ou fique em segundo plano", disse Regina.
Segundo ela, as discussões começaram primeiro nos bairros mais visados pela especulação imobiliária, aqueles localizados em zonas estritamente residenciais. "Infelizmente, as zonas mais preservadas são as mais procuradas para a especulação", disse.
Para a arquiteta e urbanista Raquel Rolnik, o processo de participação não pode ser voluntarista, tem que ser pautado por uma agenda construída pela prefeitura de acordo com sua capacidade técnica. "Abrir uma discussão para todo o tipo de problema é muito genérico. Assim não se consegue fechar um quadro muito claro do que o plano regional poderá discutir", disse.
Segundo Raquel, a prefeitura deveria primeiro discutir a nova lei de zoneamento e depois partir para os planos regionais. "É muito importante fazer essa discussão já. Boa parte das questões tratadas nos planos regionais vai passar pela lei de zoneamento", disse.
Para o vereador Nabil Bonduki (PT), que foi relator do Plano Diretor, é normal que as subprefeituras, cuja implantação na cidade é recente, estejam carentes de infra-estrutura para tocar os planos regionais. "A busca de apoio, seja de universidades ou de outras forma de participação externa, é necessária, mas é importante que as condições para o trabalho sejam dadas pela prefeitura", disse.


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