São Paulo, sábado, 16 de outubro de 2010

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Kassab patina em metas de trânsito e transportes

Propostas foram fixadas pelo próprio prefeito; muitas ainda não têm projeto

Entre as metas não iniciadas estão ampliar em 200 km asfalto de vias e investir R$ 300 milhões no Rodoanel

JOSÉ BENEDITO DA SILVA
DE SÃO PAULO

O prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM), tem imprimido um ritmo lento ao cumprimento das metas de mobilidade urbana (transporte público, trânsito e acessibilidade) estabelecidas no plano de metas de seu mandato, a Agenda 2012.
Embora boa parte das metas possa ser cumprida até dezembro de 2012, algumas não têm projeto, fonte de recursos nem local.
É o caso das 15 intervenções previstas em pontos críticos de congestionamento -cinco ainda não foram definidos e, entre os dez escolhidos, apenas o da praça João Mendes (Sé) tem projeto.
Situação parecida ocorre com a previsão de implantar 66 km de corredores de ônibus. Já no segundo ano, a gestão abandonou os projetos de Cidade Tiradentes (zona leste), M'Boi Mirim (sul) e avenida Celso Garcia (leste) -todos devem virar monotrilhos (trens sobre elevados).
Dos três corredores restantes, dois (Varginha-Grajaú e Campo Limpo-Vila Sônia) nem têm projeto ainda.
Da previsão inicial de oito motofaixas, uma foi inaugurada em quase dois anos de mandato. As outras sete não têm nem definição de local.
O mesmo ocorre com a meta de fazer 100 km de ciclovias: só 3 km (Socorro, zona sul) foram concluídos. Dos oitos trechos, cinco não tiveram nem a licitação aberta.
Entre as metas cuja execução a própria prefeitura considera "não iniciada" estão ampliar em 200 km a pavimentação de vias (veja quadro nesta página) e investir R$ 300 milhões no Rodoanel.
Já entre aquelas que a gestão considera "cumpridas", não há nenhuma relativa à mobilidade urbana.
No geral, a prefeitura classifica como atingidas só 7 das 223 metas -91% delas (204), porém, o governo relaciona como "metas em andamento" (leia texto nesta página).

ÔNIBUS
As maiores críticas dos especialistas envolvem os corredores de ônibus e a troca de parte deles por monotrilhos.
"O sistema de ônibus está sendo sucateado. O monotrilho é uma agressão e, quando as linhas estiverem prontas, já irão começar saturadas", diz Horácio Augusto Figueira, mestre em engenharia de transportes pela USP, que pede mais investimentos em corredores de ônibus.
Para José Bernardes Felex, doutor em transportes também pela USP, o planejamento é marcado pelo atraso e pelo improviso. "A expansão do metrô deveria ter ocorrido há 20 anos." Do R$ 1 bilhão previsto para investir no metrô na Agenda 2012, a prefeitura gastou um quarto em quase dois anos: R$ 245 milhões.
Para Felex, mesmo atrasado, o metrô, com o aumento da demanda nos últimos anos, livra a cidade de um colapso no trânsito. "Se o metrô não estivesse hiperlotado, os ônibus e carros não conseguiriam andar nas vias", diz.
Ele também pede que meios alternativos de transporte, como a ciclovia, sejam vistos de outra forma. "É preciso pensá-la como uma forma efetiva de circulação, e não apenas como lazer."


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