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Kassab patina em metas de trânsito e transportes
Propostas foram fixadas pelo próprio prefeito; muitas ainda não têm projeto
Entre as metas não iniciadas estão ampliar em 200 km asfalto de vias e investir R$ 300 milhões no Rodoanel
JOSÉ BENEDITO DA SILVA
DE SÃO PAULO
O prefeito de São Paulo,
Gilberto Kassab (DEM), tem
imprimido um ritmo lento ao
cumprimento das metas de
mobilidade urbana (transporte público, trânsito e
acessibilidade) estabelecidas no plano de metas de seu
mandato, a Agenda 2012.
Embora boa parte das metas possa ser cumprida até
dezembro de 2012, algumas
não têm projeto, fonte de recursos nem local.
É o caso das 15 intervenções previstas em pontos críticos de congestionamento
-cinco ainda não foram definidos e, entre os dez escolhidos, apenas o da praça João
Mendes (Sé) tem projeto.
Situação parecida ocorre
com a previsão de implantar
66 km de corredores de ônibus. Já no segundo ano, a
gestão abandonou os projetos de Cidade Tiradentes (zona leste), M'Boi Mirim (sul) e
avenida Celso Garcia (leste)
-todos devem virar monotrilhos (trens sobre elevados).
Dos três corredores restantes, dois (Varginha-Grajaú e
Campo Limpo-Vila Sônia)
nem têm projeto ainda.
Da previsão inicial de oito
motofaixas, uma foi inaugurada em quase dois anos de
mandato. As outras sete não
têm nem definição de local.
O mesmo ocorre com a meta de fazer 100 km de ciclovias: só 3 km (Socorro, zona
sul) foram concluídos. Dos
oitos trechos, cinco não tiveram nem a licitação aberta.
Entre as metas cuja execução a própria prefeitura considera "não iniciada" estão
ampliar em 200 km a pavimentação de vias (veja quadro nesta página) e investir
R$ 300 milhões no Rodoanel.
Já entre aquelas que a gestão considera "cumpridas",
não há nenhuma relativa à
mobilidade urbana.
No geral, a prefeitura classifica como atingidas só 7 das
223 metas -91% delas (204),
porém, o governo relaciona
como "metas em andamento" (leia texto nesta página).
ÔNIBUS
As maiores críticas dos especialistas envolvem os corredores de ônibus e a troca de
parte deles por monotrilhos.
"O sistema de ônibus está
sendo sucateado. O monotrilho é uma agressão e, quando as linhas estiverem prontas, já irão começar saturadas", diz Horácio Augusto Figueira, mestre em engenharia de transportes pela USP,
que pede mais investimentos
em corredores de ônibus.
Para José Bernardes Felex,
doutor em transportes também pela USP, o planejamento é marcado pelo atraso e pelo improviso. "A expansão do
metrô deveria ter ocorrido há
20 anos." Do R$ 1 bilhão previsto para investir no metrô
na Agenda 2012, a prefeitura
gastou um quarto em quase
dois anos: R$ 245 milhões.
Para Felex, mesmo atrasado, o metrô, com o aumento
da demanda nos últimos
anos, livra a cidade de um colapso no trânsito. "Se o metrô
não estivesse hiperlotado, os
ônibus e carros não conseguiriam andar nas vias", diz.
Ele também pede que
meios alternativos de transporte, como a ciclovia, sejam
vistos de outra forma. "É preciso pensá-la como uma forma efetiva de circulação, e
não apenas como lazer."
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