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São Paulo, domingo, 16 de novembro de 2003

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Para entidade, governo pouco faz

DA REPORTAGEM LOCAL

As associações de diabetes reclamam da falta de cumprimento, pelo Ministério da Saúde, do plano nacional de combate à doença e à hipertensão.
"O diabetes é a principal doença crônica não-transmissível. Deveria ser tratada como a mais importante, responde por 40% a 50% da mortalidade por doença cardiovascular. Está se fazendo muito pouco", diz Fadlo Fraige Filho, que também presidente a Fenad (Federação Nacional de Associações de Diabetes).
O plano começou em 2000, no governo de Fernando Henrique Cardoso, com o treinamento de profissionais, diz Fraige Filho. Em 2002, foi feito o rastreamento de doentes. Foram testados 21 milhões de pessoas e encontrados 3 milhões de casos suspeitos -1 milhão deles confirmados por exames posteriores.
Segundo Fraige Filho, a terceira fase, de distribuição de medicamentos, iniciada no atual governo, "começou errática e ainda está se organizando". Faltaram, neste ano, a metformina e a glibencamida (para diabetes), além do captopril (para hipertensão), afirma.
"É um absurdo político. Este ano foi perdido, afirma Carlos Alberto Machado, ex-coordenador do plano. Segundo ele, o sistema de cadastramento dos diabéticos também foi prejudicado.
A diretora do departamento de Atenção Básica do ministério, Afra Suassuna, diz que a pasta está reorganizando a assistência a hipertensos e diabéticos. "De fato houve algumas dissoluções de continuidade." Segundo ela, a falta de remédios deve-se ao atraso na entrega de matéria-prima para os medicamentos. Neste ano, diz, será possível entregar 11 das 12 remessas.
Segundo Suassuna, já foram capacitados 17 mil dos 29 mil profissionais que entrarão na rede de detecção precoce da doença. Parte do sistema de acompanhamento do plano, afirma, será incorporada por um outro sistema informatizado do ministério, disse.
O economista aposentado Algibe Avellar Esteves, 57, diabético que está na fila do transplante de rim, diz que é comum não encontrar todos os medicamentos de que precisa. Esteves descobriu o diabetes só quando foi fazer uma cirurgia. Perdeu também parte de uma perna por causa das complicações da doença.
"Eu evitava comer açúcar, mas não uma macarronada. Você não sente nada e acaba relaxando."


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