São Paulo, quarta, 16 de dezembro de 1998

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Greve poderá ser a mais longa

da Reportagem Local

A greve de fome dos sequestradores de Abílio Diniz está prestes a se tornar a greve mais longa da história do país. Em 1972, cerca de 20 presos políticos ficaram até 36 dias sem comer, tomando só água.
O objetivo daquela greve era impedir novas transferências de um grupo de frades e de leigos presos em Presidente Venceslau (635 km a oeste de SP), além de unificar, num mesmo presídio, todos os presos políticos do regime militar.
A greve conseguiu os objetivos e ninguém morreu. Mas, enquanto a maioria suspendeu o movimento depois de 32 dias, os presos em Presidente Venceslau ficaram mais quatro dias sem comer até saber que tinham sido atendidos.
O escritor e frade dominicano Frei Betto, um dos que ficaram 36 dias sem comer, afirma que os piores momentos da greve de fome são o início, quando o corpo reage violentamente à falta de alimento, e o final, quando a pessoa sente muita fome, mas sabe que pode comer muito pouco até que o organismo se acostume.
Frei Betto afirmou que apóia a greve de fome dos sequestradores.
Outras greves de fome, no entanto, já resultaram em mortes por subnutrição. A maioria dos casos tinha motivação política.
Em 1981, dez membros do IRA (Exército Republicano Irlandês), presos na Irlanda do Norte, morreram de fome num protesto que durou cerca de cinco meses.
Em julho de 96, 12 presos morreram na Turquia, após mais de 60 dias de greve.



Texto Anterior | Próximo Texto | Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.