São Paulo, terça, 17 de fevereiro de 1998

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"Passei a noite olhando o morro"

da Reportagem Local

Meia hora antes de o deslizamento matar Selma, outro deslizamento destruiu o barraco de um vizinho dela, o desempregado Ernesto da Silva, 42. "Minha família escapou porque eu passei a noite vigiando o morro. Quando a terra começou a descer, tirei todo mundo de lá."
Silva disse que todos os objetos foram perdidos. Apesar de não ter para onde ir, o desempregado não cogitava levar a família para abrigo da prefeitura.
"Vou procurar ficar na casa de algum amigo. Como é que eu vou para um abrigo com cinco filhos?", perguntou.
A maioria dos outros moradores da região também dizia o mesmo. "Vou ficar na garagem da casa do meu primo. Quando der uma estiada, eu volto para a minha", disse o pedreiro Geraldo Paulo Filho.
Até a tarde de ontem, somente duas famílias haviam aceitado ir para o abrigo municipal.



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