São Paulo, sexta-feira, 17 de março de 2000


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POLÍCIA
Gilberto Monteiro da Silva foi perseguido e morto por 3 homens dentro de um bar no centro de SP, às 9h30
Camelô que denunciou esquema de corrupção de fiscais é assassinado

Evelson de Freitas/Folha Imagem
O camelô Gilberto Monteiro da Silva, durante depoimento à CPI da Câmara


MARCELO OLIVEIRA
da Reportagem Local

O presidente da Associação dos Camelôs Independentes de São Paulo, Gilberto Monteiro da Silva, 37, foi morto às 9h30 de ontem com pelo menos sete tiros, a maioria na cabeça. O crime aconteceu em um bar ao lado da Associação dos Distribuidores de Coco Verde de São Paulo, que ele também presidia, no largo do Pari (centro da cidade), a 200 metros da prefeitura.
Silva ficou conhecido no ano passado ao denunciar um esquema de corrupção de fiscais municipais que extorquia dinheiro das 226 bancas de camelô do viaduto Santa Ifigênia (centro).
Suas denúncias contribuíram para a cassação do então deputado estadual Hanna Garib (expulso do PPB), que, segundo o camelô, era o beneficiário das propinas quando era vereador. Em novo depoimento em janeiro, Silva -que acabou sendo acusado de corrupção passiva- desmentiu as denúncias (leia na pág. 2).
O camelô vinha recebendo telefonemas anônimos ameaçadores. Na última terça-feira, relatou a seu advogado, José Francisco Vidotto, que estava com medo.
"Ele me disse que sentia que ia morrer logo e sem poder se defender, pois não podia andar armado nem arcar com seguranças."
Na manhã anterior à conversa, Silva havia se impressionado com o assassinato a tiros do caminhoneiro Eugênio Carlos de Arruda Oliveira, também de 37 anos, ocorrido no mesmo largo do Pari.

Emboscada
A morte de Silva teve todas as características de uma emboscada, segundo a polícia. Três homens, que já haviam sido vistos nas redondezas anteontem, aguardavam por ele na manhã de ontem, segundo testemunhas.
Silva havia chegado ao largo de carona no carro de um amigo e, sem saber que era seguido, caminhou até a porta da associação dos vendedores de coco.
Quando tocava a campainha, foi abordado pelo trio e recebeu os primeiros tiros. O ambulante ainda correu para dentro do bar dos Mineiros, ao lado da associação, e entrou no banheiro para tentar se esconder. Não conseguiu. Foi cercado e morto.
Segundo o delegado Marcelo Macedo, do DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa), foram contadas 15 perfurações no corpo, 5 delas na cabeça. Os assassinos fugiram a pé. Um deles usava boné e tinha marcas de sangue na roupa.


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