São Paulo, sexta-feira, 17 de março de 2000


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Vítima estava sozinha em São Paulo

da Reportagem Local

Com medo das ameaças que vinha recebendo, em dezembro do ano passado o ambulante Gilberto Monteiro da Silva mandou sua mulher e o filho pequeno para o interior do Nordeste e ficou sozinho em São Paulo.
Pessoas ligadas ao presidente da Associação dos Camelôs Independentes de São Paulo tiveram de pedir a intervenção da polícia para conseguir localizar ontem a família de Silva no Nordeste, e avisá-la sobre o crime. Até a noite não havia confirmação de que eles haviam sido localizados.
Ontem, nenhum dos dois primos de Silva que moram em São Paulo estavam na cidade. Por causa disso, a liberação do corpo do ambulante no IML (Instituto Médico Legal) ocorreu só à noite.
Assim que o IML liberou o corpo, surgiu novo obstáculo: encontrar um lugar e levantar dinheiro para realizar o enterro do líder dos camelôs.
"Pedimos a intervenção de várias pessoas para tentar realizar o velório na Câmara Municipal ou na Assembléia Legislativa, mas ninguém se prontificou a ajudar", disse a presidente do movimento Defenda São Paulo, Regina Monteiro.
Até as 21h de ontem, o advogado do ambulante, José Francisco Vidotto, havia conseguido fazer contato com apenas um parente de Silva: um primo que estava a trabalho no Paraná e deveria chegar a São Paulo apenas hoje pela manhã, dirigindo um caminhão.
Segundo amigos, Silva enfrentou uma grave crise financeira depois de ter denunciado o esquema de corrupção na Administração Regional da Sé.
Após as denúncias, o comércio ambulante no viaduto Santa Ifigênia foi retirado para que fosse feita uma reforma no local. Os camelôs da área foram transferidos para a ladeira da Memória, que tem movimento muito inferior.
A energia elétrica da casa de Silva foi cortada após três meses de falta de pagamento da conta de luz. Depois de conseguir quitar a dívida, a idéia do ambulante era tentar fazer uma "vaquinha" para trazer a família de volta, conforme revelou a alguns amigos.
A falta de dinheiro levou Silva a dispensar, em junho passado, os dois seguranças contratados por ele na época da CPI. (GN e MO)

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