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VIOLÊNCIA
Em janeiro, Silva voltou atrás nas acusações que fizera; para delegado, investigação será arquivada
Camelô morto tinha retirado denúncias
GONZALO NAVARRETE
da Reportagem Local
O presidente da
Associação dos Camelôs Independentes de São Paulo,
Gilberto Monteiro
da Silva, morto ontem, havia prestado novo depoimento em janeiro deste ano inocentando o ex-deputado estadual
Hanna Garib das acusações feitas
durante as investigações da máfia
da propina.
Silva foi uma das pessoas que
declarou à polícia e à CPI da máfia
da propina ter presenciado o pagamento de propina para Garib.
Também admitiu que recolhia
propina para fiscais da Administração da Regional da Sé para garantir a permanência de ambulantes no viaduto Santa Ifigênia.
No novo depoimento, prestado
no dia 11 de janeiro, o ambulante
disse que "nunca pagou propina
ou deu dinheiro ao vereador Hanna Garib ou outra pessoa".
"Antes de prestar depoimento,
ele me disse que não tinha como
provar o que tinha dito anteriormente", disse o delegado titular
do Setor de Investigações Gerais
da 1º Delegacia Seccional (Centro), Arlindo José Negrão Vaz.
O delegado preside o inquérito
aberto a pedido do Ministério Público para apurar as denúncias
feitas pelo ambulante em setembro de 99.
O delegado da 1º Seccional afirmou que o inquérito que apura as
declarações dadas por Silva deverá ser arquivado, já que o próprio
denunciante desmentiu suas declarações.
"Na primeira vez, ele achou que
se tornaria um mártir por ter denunciado e acabou sendo incriminado também por recolher
propina. Ele pode ter voltado
atrás com medo de ser prejudicado novamente", disse Vaz.
Silva foi denunciado à Justiça
pelo Ministério Público por corrupção ativa e formação de quadrilha com mais dez pessoas acusadas de atuar na máfia da AR-Sé.
Conhecido como "dono do viaduto" Santa Ifigênia, Silva denunciou um esquema de corrupção
promovido por fiscais da AR-Sé,
que era controlada politicamente
por Hanna Garib, contra as 226
bancas do viaduto.
"Eu arrecadava uns R$ 30 mil
por mês. Ou seja, R$ 7.500 por semana -R$ 35 de cada camelô.
Disso, R$ 10 mil ficavam comigo
para minha subsistência, R$ 5.000
pagavam as despesas da associação e R$ 15 mil iam para os chefes
da fiscalização", disse em depoimento à polícia no ano passado.
O ambulante admitiu no último
depoimento que deu dinheiro para o ex-assessor de gabinete do
então vereador Hanna Garib, conhecido como Antonio Libanio.
Silva disse que apenas emprestava dinheiro para o assessor, que
passava dificuldades financeiras.
Libanio tinha trabalhado na AR-Sé como chefe da fiscalização.
No final do depoimento prestado em janeiro, o ambulante negou ter cometido qualquer crime
e disse que suas palavras foram
"mal interpretadas" à época das
denúncias.
Vaz já ouviu o ex-deputado
Hanna Garib e outras duas pessoas citadas pelo ambulante no
depoimento do ano passado. Os
três negaram as irregularidades.
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