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ANÁLISE
Dilema é combinar moralidade e eficiência
MARCELO BERABA
diretor da Sucursal do Rio
Todos os últimos governadores e secretários de Segurança do
Rio viveram o mesmo dilema
que vem corroendo o governo
Anthony Garotinho: como combinar, no combate ao crime, moralidade e eficiência?
Virou um axioma na política
fluminense a idéia de que moralidade e eficiência são incompatíveis. Uma parte da polícia seria
honesta, mas inexperiente ou ingênua ou despreparada. Outra,
eficiente, de resultados, mas heterodoxa nos seus métodos e tolerante nos costumes. Esta segunda polícia passou a ser chamada de banda podre.
O termo foi usado pela primeira vez para designar os policiais
corruptos do Rio pelo delegado
Hélio Luz, hoje deputado estadual pelo PT. Ele era então chefe
de Polícia Civil do governo Marcello Alencar (94-98) e achou
que poderia obter resultados no
combate à criminalidade apenas
com os delegados mais novos,
da turma de 94. Eram policiais
recém-incorporados, ainda sem
vícios. Mas sem experiência.
Quando explodiram os sequestros na cidade e as pressões
de todos os lados, Hélio Luz teve
de recorrer à banda podre em
busca de resultados. Ele achou
que era possível tê-la sobre controle. E tentou a equação: no comando, os jovens delegados; na
execução, um grupo de policiais
experientes, mas sob suspeita
-conhecido como grupo Astra.
Não deu certo. Nem o crime
diminuiu, nem a corrupção acabou. Hélio Luz acabou deixando
o governo.
O que está acontecendo no governo Garotinho é parecido, só
que as contradições ficam mais
evidentes em razão do forte e
inédito papel exercido pelo antropólogo Luiz Eduardo Soares.
Ele é o grande formulador de
uma política que se pretende ética e que se apresenta como a solução para resolver o paradoxo
da polícia carioca. Ele acha possível moralizá-la e torná-la eficiente simultaneamente.
Mas quem está na frente de
combate e tem a obrigação de
baixar os índices de criminalidade é Josias Quintal, e não Soares.
Não se pode acusar Quintal,
oriundo da PM, de pertencer à
banda podre. Mas, como todos
os seus antecessores, ele firmou
uma aliança, explícita ou implícita, com a polícia de resultados.
Só que os resultados, como
sempre, acabam sendo desastrosos. No caso do Rio, os principais indicadores de violência
continuam altos e vários em ascensão. E, no final, o quadro não
muda: continua a corrupção,
ninguém vê a eficiência.
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