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Incêndio atinge a favela Paraguai
ALESSANDRO SILVA
da Reportagem Local
Um incêndio destruiu cinco
barracos de madeira na favela Paraguai, em São Paulo, a mesma
que está sob proteção da polícia
por causa da guerra entre traficantes de drogas.
Duas famílias escaparam sem
ferimentos porque foram acordadas pelos policiais que estão 24
horas no local.
O fogo começou de madrugada,
segundo o Corpo de Bombeiros,
pelos fundos da favela, atrás do
complexo Heliópolis (zona sudeste da capital).
A polícia investiga as causas do
incêndio, atribuído pelos próprios moradores da favela à guerra do tráfico no local.
A favela Paraguai foi desocupada durante o Carnaval. A maioria
dos 390 donos de barracos abandonou o lugar porque teriam recebido ameaças dos traficantes de
uma favela vizinha, a de Heliópolis -a maior do complexo.
Os demais barracos não foram
destruídos ontem porque houve a
intervenção dos bombeiros. As
casas estão próximas e, por isso, o
fogo se espalhou rápido.
O incêndio aconteceu cinco dias
depois de a polícia começar uma
série de prisões de supostos integrantes da quadrilha do traficante
Sujeirinha, apontado como uma
das lideranças em guerra.
""Eles foram presos, mas os amigos estão soltos. Qualquer garoto
que trabalha para eles pode ter feito isso para ganhar uns trocados",
disse um dos moradores da favela
Paraguai, que não quer ser identificado com medo de represálias.
A polícia, por enquanto, não admite a possibilidade de que o incêndio tenha sido criminoso. ""Temos de esperar o relatório da perícia para saber quais foram as
causas", disse o delegado Ricardo
Stanev, do 56º DP (Vila Alpina).
Há dois motivos para a guerra
do tráfico na região: vingança e
disputa por mais espaço, de acordo com a própria polícia.
O grupo de Sujeirinha estaria
vingando as mortes de três rapazes assassinados pela quadrilha
do traficante Barriga, da favela
Paraguai. Do lado de Barriga, há o
interesse em mudar a área de
atuação, uma vez que sua favela
será vizinha de uma nova cadeia.
Desde dezembro, 26 pessoas
morreram no complexo Heliópolis. Os crimes são atribuídos à
guerra entre os chefes do tráfico.
""Acordei com o barulho das telhas estourando e com os policiais
batendo na minha porta", disse a
doméstica Maria Caetano dos
Santos, 41, grávida de dois meses,
que escapou do incêndio.
Ao contrário dos demais moradores, ela e o marido não saíram
da favela antes do Carnaval. Ontem, porém, o casal mudou de
idéia e procurava outro local para
morar. ""Fico na rua, mas não durmo aqui."
Cinco carros da PM estão na favela desde a semana passada. Eles
vão ficar, segundo o governo do
Estado, até a prisão dos líderes do
tráfico.
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