São Paulo, domingo, 17 de março de 2002

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Pesquisas mostram efeito devastador

DA REPORTAGEM LOCAL

Na mesma proporção em que aumenta a preocupação das autoridades antidrogas com a propagação do consumo do ecstasy, mais pesquisas são divulgadas relatando seus efeitos devastadores no organismo dos usuários.
Além dos riscos de morte por superaquecimento do corpo, problema cardíaco ou renal, há danos severos na memória e na capacidade cognitiva, com indício de perdas irrecuperáveis no cérebro.
Conhecido tecnicamente como 3,4 metilenodioximetanafetamina ou MDMA, o ecstasy foi sintetizado em 1914, patenteado pelos laboratórios Merck como um inibidor de apetite, mas permaneceu esquecido até o final dos anos 70.
Nessa época, diz o professor da Escola Paulista de Medicina Ronaldo Laranjeira, constatou-se que a droga produzia estado de alteração da consciência com harmonia sexual e emocional e foi sugerido seu emprego como auxiliar psicoterapêutico. Em 1985, quando seu uso como entorpecente começou a aumentar, a substância foi proibida pelo DEA, órgão antidrogas dos EUA.
Apesar serem notórios os muitos efeitos danosos da droga, os estudos a respeito normalmente não são conclusivos quanto a problemas irreversíveis. Ainda assim, novas pesquisas podem dar uma dimensão assustadora dos riscos que corre quem usa a droga.
Uma delas é o estudo do professor Michael John Morgan, das universidades britânicas de Wales e Sussex, apresentado ao Instituto Nacional Sobre Abuso de Drogas dos EUA (Nida, em inglês).
Foram observados quatro grupos de indivíduos, entre eles usuários de ecstasy e ex-usuários, abstêmios havia dois anos. Aqueles que ingeriam a droga exibiram problemas psicopatológicos elevados, ações impulsivas e deficiência de memória. Mas este último problema foi verificado entre os ex-usuários. Segundo Morgan, a partir dos testes concluiu-se que os problemas psicológicos registrados "não são revertidos com a abstinência prolongada".
Andy Parrot, outro especialista britânico, estudou um ex-usuário de ecstasy que completara sete anos de abstinência. Mesmo após esse período, ele teve problemas de cognição, de memória, distúrbios de sono e ansiedade. (LC)


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