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São Paulo, segunda-feira, 17 de março de 2003

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Mãe dedica mais tempo, e o aluno se recupera

DA REPORTAGEM LOCAL

Pedro Henrique Sinigaglia Nassif, 14, não sabia nem onde estava o lápis na hora de fazer a lição de casa. Na verdade, ele quase nunca fazia suas tarefas.
"Eu não entendia a matéria, não sabia como fazer", diz o aluno, que, no ano passado, esteve para ser expulso da 6ª série do rigoroso colégio Visconde de Porto Seguro, por causa do mau desempenho e do comportamento.
Ele mesmo diz que era desconcentrado e não tinha hora para estudar. "Hoje chego em casa e vou estudar. Depois é que entro na internet, vou falar com amigos. Chego a gostar de fazer tarefa."
A mudança radical aconteceu depois que aprendeu a se organizar. Sua mãe, Maria Cristina Tosca, pediu ajuda à professora particular Marisa Taniguti, que tem uma escola de estudo orientado.
Além de mudar os hábitos do próprio aluno, ela sugeriu que a mãe acompanhasse as tarefas mais de perto.

Fracasso e família
Segundo Taniguti, a família tem papel decisivo. "Há relação estreita entre mau desempenho escolar e atitude dos pais."
Para ela, há comportamentos comuns em histórias de fracasso escolar. "São pais que não ajudam na lição de casa, não verificam o material, não vêem a agenda, desconhecem o mundo escolar do filho. Não sabem seu comportamento nas aulas, as relações com professores e amigos."
Taniguti é taxativa com relação à responsabilidade das famílias. "O fracasso escolar está muito relacionado aos pais. Se os alunos têm dificuldades de aprendizagem, sempre há pais omissos."
Seu programa de treinamento inclui participação ativa da família. Ela faz entrevistas com os pais e os alunos. Propõe as mudanças com base nas deficiências que encontra e depois acompanha o resultado uma vez por semana, fazendo reuniões com os pais, durante três a quatro meses. Altera o programa recomendado se for necessário.
Entre as suas orientações, estão o melhor método para o aluno estudar, horário para fazer as tarefas e exercícios periódicos em casa para verificar a eficiência do aprendizado.
Gleice Cataldo, do Colégio Brasil, diz que "é preciso haver um mínimo de acompanhamento afetivo. Olhar o material, ver se não há lição para fazer. O que mais pesa é a desatenção. Não se trata de comprar o melhor computador, basta dar 15 minutos de atenção ao filho".
Walter Braga, presidente da rede Pitágoras, inclui como indicador básico do resultado obtido na escola a relação da família com os alunos.
"Os pais acompanham os filhos ao cinema, a atividades culturais? Discutem certos problemas com eles? Participam rotineiramente das atividades escolares, como reuniões e festas?", questiona.


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