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SAÚDE
Inquérito da polícia mineira também pede prisão do diretor e de químico do laboratório Enila; 1º indiciamento foi em Goiás
Minas indicia 2 por mortes pelo Celobar
THIAGO GUIMARÃES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE
A Polícia Civil de Minas Gerais
indiciou ontem o diretor e um
funcionário do laboratório Enila,
fabricante do Celobar, por uma
das mortes causadas no Estado
pelo medicamento, usado para
destacar órgãos do aparelho digestivo em radiografias.
É o segundo indiciamento. Em
fevereiro, a polícia de Goiás concluiu o primeiro inquérito e indiciou o diretor e três funcionários
do Enila.
No relatório do inquérito da polícia mineira, encaminhado à Justiça e ao Ministério Público, o diretor-presidente do Enila, Márcio
D'Icarahy, e o químico responsável pelo laboratório, Antônio Carlos Fonseca, são indiciados com
base nos artigos 273 (adulteração
de substância medicinal), 258
(agravante de morte) e 70 (dois ou
mais crimes em uma só ação) do
Código Penal e no artigo 1º da Lei
de Crimes Hediondos (envenenamento de substância medicinal).
A pena pode chegar a 30 anos.
O delegado de Homicídios de
Uberaba (MG), Heli Andrade, pediu também a prisão preventiva
de D'Icarahy e Fonseca. O inquérito apurou a morte da aposentada Maria Rufino de Oliveira, 75,
ocorrida em maio de 2003.
Em depoimento à polícia, a filha
de Oliveira, Regina Kátia Oliveira
de Castro, disse que a mãe foi internada no dia 17 de maio com estreitamento de estômago. Teria
apresentado melhoras após ser
medicada com soro fisiológico.
Segundo Castro, quatro dias depois da internação, após tomar o
Celobar, a mãe apresentou "quadro clínico inverso, com vômitos
constantes e diarréias freqüentes,
culminando em óbito".
Sérgio Portocarreiro de Souza,
farmacêutico-químico do Enila,
declarou à polícia que D'Icarahy
"mantinha absoluta ingerência
sobre a produção, determinando
experiências químicas que reduzissem seus custos".
O químico Antônio Carlos Fonseca afirmou ter feito experimentos para transformar o carbonato
de bário (usado em raticidas) em
sulfato de bário (princípio ativo
do contraste).
Para o delegado, as prisões preventivas se justificam, pois D'Icarahy e Fonseca "sempre exerceram cargos de importância em
empresas de grandes potenciais
econômicos, dando-lhes condições financeiras de deixar o país".
De acordo com o delegado, o inquérito sobre a outra morte atribuída ao Celobar no Estado -do
bombeiro-hidráulico José Ferreira Fernandes, 66, em Uberaba-
está sendo finalizado e deverá ter
as mesmas conclusões.
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