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PATRIMÔNIO
Prefeitura diz não prever dano a sítio arqueológico
Obra ameaça título conferido à ex-capital de GO, diz Promotoria
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Ministério Público Federal
entrou na Justiça contra a União,
a Agência Goiana de Meio Ambiente e a Prefeitura de Goiás (130
km de Goiânia) por causa da obra
de uma avenida que, segundo a
ação, pode levar à perda do título
de patrimônio histórico da humanidade conferido pela Unesco à
antiga capital goiana. Essa ação se
soma a outra, mais restrita, ajuizada pelo Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) contra a cidade.
Segundo a procuradora da República Lívia Tinôco, que assina a
ação mais recente, a avenida Rio
Vermelho, se for construída, irá
destruir sítios arqueológicos e
"mutilar" parte da área tombada.
A ação ainda afirma que a construção da avenida seria ilegal pelo
fato de a prefeitura pretender utilizar recursos federais que recebeu para recuperar a infra-estrutura turística danificada pela enchente do rio Vermelho em 2001.
A enchente provocou a destruição parcial da casa da moradora
mais ilustre da cidade, a poeta Cora Coralina, e levou o então presidente Fernando Henrique Cardoso a visitar a cidade.
Entre os sítios arqueológicos a
serem destruídos, a ação cita muros de pedras chamados de "muros de cativeiros", construídos
por escravos entre os séculos 18 e
19. "Esses muros estão localizados
em área tombada (Chácara Baumann), constituindo material arqueológico de valor histórico-cultural representativo", diz a ação.
Além disso, diz a ação, a prefeitura pretende construir mais duas
pontes sobre o rio Vermelho, fazendo aterros que reduzirão ainda mais o leito do rio, facilitando
futuras enchentes.
A intenção da prefeitura é encurtar o trajeto entre o centro da
cidade e o bairro Rio Vermelho. O
município tenta liberar as obras,
interditadas desde 2002.
O advogado Felicíssimo Sena,
da prefeitura, afirmou que o projeto da avenida não prevê a destruição nem remoção de nenhum
sítio arqueológico e que o município não pretende usar recursos federais na obra. "Dinheiro não tem
nome nem identificação", afirmou. Segundo ele, as pontes vão
respeitar o leito do rio.
A Advocacia Geral da União
não quis se pronunciar sobre a
ação, afirmando que ainda não foi
citada oficialmente. A Agência
Goiana de Meio Ambiente também não comentou a ação.
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