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Decisão sobre envio de tropa é adiada de novo
Rio precisa encaminhar ao governo federal proposta de combate à criminalidade, que será respondida em até 15 dias
O governador do Estado, Sérgio Cabral, afirmou que irá propor que militares atuem em vias expressas e em rodovias movimentadas
SERGIO TORRES
TALITA FIGUEIREDO
DA SUCURSAL DO RIO
A definição sobre a participação das Forças Armadas no
combate à criminalidade no
Rio foi adiada por mais 15 dias.
Após uma hora e meia de reunião, ontem à tarde no Palácio
Laranjeiras (zona sul do Rio),
entre os ministros Waldir Pires
(Defesa) e Tarso Genro (Justiça), os comandantes Enzo Peri
(Exército), Júlio de Moura Neto (Marinha) e Juniti Saito (Aeronáutica) e o governador do
Rio, Sérgio Cabral (PMDB), ficou decidido que o governo estadual deve enviar ao federal
uma proposta detalhada, que
será respondida em até 15 dias.
Cabral informou que, no plano que enviará ainda nesta semana, o Estado proporá aos militares que atuem em vias expressas e em rodovias movimentadas na região metropolitana, como a rodovia Dutra,
que liga os Estado do Rio de Janeiro e São Paulo.
Por ora, o ministro Tarso
Genro apenas prometeu, caso
haja dinheiro, providenciar a
vinda, em dez dias, ao Estado de
mais 400 policiais da Força Nacional de Segurança Pública e
de 200 a 300 policiais rodoviários federais.
A intenção de Cabral era ter
os militares o mais breve possível em ações de policiamento
na região metropolitana.
Os comandantes do Exército,
da Marinha e da Aeronáutica
deixaram claro no encontro
que não estarão subordinados
às autoridades estaduais. Eles
disseram que não têm como fazer uma ação imediata no Rio
sem que lhes seja apresentado
um plano de atuação.
O general Peri chegou a afirmar que o Exército participará
de ações em parceria com as
policias Militar e Civil, mas
desde que haja uma organização prévia amparada nos dois
preceitos básicos de uma corporação militar: disciplina e
hierarquia.
Embora não tenha sido atendido, o governador do Rio disse
que considerou a reunião "produtiva" e "positiva".
Afirmou ter esperança de
que, até o início dos Jogos Pan-americanos, em julho, os militares estejam no Estado. Segundo ele, em 40 dias estarão
no Rio os 6.000 profissionais
da Força Nacional que viriam
para o Pan.
O ministro da Defesa reafirmou que a participação das
Forças Armadas no combate à
criminalidade no Rio esbarra
na Constituição do país. "A lei
estabelece determinados limites. (...) As Forças Armadas têm
papel fundamental na defesa
do país, da soberania nacional",
afirmou Pires.
O ministro da Justiça seguiu
na mesma linha: "Nossa disponibilidade é total, desde que
dentro da lei", disse.
A lei a que ele se refere é a
Constituição e a complementar
117 (de 2004). De acordo com a
legislação, cabem às Forças Armadas atuar no Estado cujos
governantes venham a se declarar incapazes de garantir a
lei e a ordem.
Não é o caso de Cabral No ofício em que pede ao presidente
Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a
ajuda das Forças Armadas, o
governador não se declara incapaz. Na semana passada, Cabral
havia chamado de "filigranas
jurídicas" alguns aspectos das
leis que regem a questão.
Para Tarso Genro, a lei pode
ser interpretada de outra forma. Sem que haja uma intervenção militar nas polícias estaduais, poderá ser planejada
uma ação "datada, pontual e
acordada", "sem que as Forças
Armadas transgridam qualquer norma legal ou constitucional". No ofício ao presidente, o governador pede ajuda
por um ano.
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