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URBANISMO
Imobiliárias da região têm alta de 30% na procura por residências; empreendimento gerará 3 mil empregos
Novo centro já atrai morador e empresa
SÉRGIO DURAN
DA REPORTAGEM LOCAL
Imobiliárias que atuam no centro de São Paulo apontam que a
procura por imóveis residenciais
cresceu 30% na região nos últimos quatro meses. Um dos motivos seria o movimento de revitalização da área, engrossado ontem
pela prefeitura, que anunciou o
programa Reconstruir o Centro.
Ao apresentar o plano, a administradora regional da Sé, Clara
Ant, ressaltou o fato de o centro
possuir 40 mil residências vazias,
e que esse problema era a base para um dos capítulos importantes
do programa, o Morar no Centro.
"Talvez isso já venha acontecendo gradativamente", afirma o gerente de locação, Paulo César Alves, da Adbens, uma das maiores
imobiliárias do centro. A empresa
administra carteira de 1.300 imóveis residenciais, 300 dos quais,
atualmente, vazios.
A Frederico Russo Imóveis, tradicional na região, também registra aumento da procura. No entanto, de acordo com a assistente
de locação, Natália Sanches, o
preço tem se mantido o mesmo
apesar do aquecimento.
"Para nós, é um ótimo sinal.
Antes, o valor dos imóveis, para
aluguel ou compra, vinha caindo", diz. Entre disponíveis e alugados, a Frederico Russo administra 900 imóveis residenciais.
Natália afirma que a discussão
sobre o centro colocou a região
em evidência na mídia, o que, na
sua opinião, é um fator importante. "Mesmo os prédios estão melhores. Muitos condomínios estão
cuidando mais da manutenção e
do aspecto externo do edifício.
Talvez algumas pessoas estejam
vendo essa melhora", diz.
Assim como a assistente da Frederico Russo, a gerente de locação
Cida Moreira, da JHI, outra imobiliária grande do centro, percebeu um fenômeno recente na avenida São Luiz: o sumiço das placas
de aluga-se e vende-se. Antigo endereço da aristocracia paulistana,
a via reúne os melhores apartamentos da região, unidades com
200 m2 e 400 m2 com luxos como
banheiros de mármore.
"Tem aquela tese de o proprietário segurar um pouco o imóvel
esperando a valorização", diz Natália. "Ou, então, todos estão alugados", afirma Cida.
Emprego
Na área comercial, a recuperação é mais lenta na opinião de
Paulo César Alves, da Adbens. "A
maioria dos prédios comerciais
pertence a famílias tradicionais, e
os herdeiros não se interessam em
alugar o imóvel, só em vendê-lo.
Encontrar interessados em um
edifício inteiro é mais difícil", diz.
O presidente do conselho consultivo do Secovi-SP (sindicato
das imobiliárias e construtoras),
Walter Lafemina, afirma que a
sua construtora, a Company, procura um prédio comercial no centro para reforma e instalação de
uma empresa, no ramo de "call
center" (atendimento telefônico),
para empregar 3.000 pessoas.
Lafemina não pode revelar o
nome da empresa, apenas que é
brasileira e que possivelmente a
reforma do prédio dará "um aspecto de arte" ao "call center".
O fato, conta, é uma espécie de
sinal dos tempos. A Company
tem história na construção de
prédios comerciais e residenciais
de alto padrão no eixo Jardins-Morumbi (zona sudoeste). A última vez em que Lafemina trabalhou no centro foi em 1971, quando construiu o prédio da Finasa,
no vale do Anhangabaú.
Além do "call center", estilistas
importantes da cidade têm procurado imóveis na região central
para montar seus ateliês.
"É o caminho natural de metrópoles do porte de São Paulo. Dependendo do ramo de atividade
da empresa, o centro pode ser a
melhor opção. Porém a valorização imobiliária tem um limite na
região. Caso contrário, ela perde a
concorrência para outros pólos,
como o da avenida Engenheiro
Luís Carlos Berrini", considera.
Sobre o programa Morar no
Centro, Lafemina afirma que a
iniciativa poderá surtir efeito a
longo prazo. "Fazer um jovem casal escolher trocar o Morumbi é
algo que exige um processo longo
de formação cultural. Mas a região oferece oportunidades a preços convidativos. Por isso o programa não deve se concentrar só
em quem trabalha no centro."
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