São Paulo, quinta-feira, 17 de maio de 2001

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URBANISMO

Imobiliárias da região têm alta de 30% na procura por residências; empreendimento gerará 3 mil empregos

Novo centro já atrai morador e empresa

SÉRGIO DURAN
DA REPORTAGEM LOCAL

Imobiliárias que atuam no centro de São Paulo apontam que a procura por imóveis residenciais cresceu 30% na região nos últimos quatro meses. Um dos motivos seria o movimento de revitalização da área, engrossado ontem pela prefeitura, que anunciou o programa Reconstruir o Centro.
Ao apresentar o plano, a administradora regional da Sé, Clara Ant, ressaltou o fato de o centro possuir 40 mil residências vazias, e que esse problema era a base para um dos capítulos importantes do programa, o Morar no Centro.
"Talvez isso já venha acontecendo gradativamente", afirma o gerente de locação, Paulo César Alves, da Adbens, uma das maiores imobiliárias do centro. A empresa administra carteira de 1.300 imóveis residenciais, 300 dos quais, atualmente, vazios.
A Frederico Russo Imóveis, tradicional na região, também registra aumento da procura. No entanto, de acordo com a assistente de locação, Natália Sanches, o preço tem se mantido o mesmo apesar do aquecimento.
"Para nós, é um ótimo sinal. Antes, o valor dos imóveis, para aluguel ou compra, vinha caindo", diz. Entre disponíveis e alugados, a Frederico Russo administra 900 imóveis residenciais.
Natália afirma que a discussão sobre o centro colocou a região em evidência na mídia, o que, na sua opinião, é um fator importante. "Mesmo os prédios estão melhores. Muitos condomínios estão cuidando mais da manutenção e do aspecto externo do edifício. Talvez algumas pessoas estejam vendo essa melhora", diz.
Assim como a assistente da Frederico Russo, a gerente de locação Cida Moreira, da JHI, outra imobiliária grande do centro, percebeu um fenômeno recente na avenida São Luiz: o sumiço das placas de aluga-se e vende-se. Antigo endereço da aristocracia paulistana, a via reúne os melhores apartamentos da região, unidades com 200 m2 e 400 m2 com luxos como banheiros de mármore.
"Tem aquela tese de o proprietário segurar um pouco o imóvel esperando a valorização", diz Natália. "Ou, então, todos estão alugados", afirma Cida.

Emprego
Na área comercial, a recuperação é mais lenta na opinião de Paulo César Alves, da Adbens. "A maioria dos prédios comerciais pertence a famílias tradicionais, e os herdeiros não se interessam em alugar o imóvel, só em vendê-lo. Encontrar interessados em um edifício inteiro é mais difícil", diz.
O presidente do conselho consultivo do Secovi-SP (sindicato das imobiliárias e construtoras), Walter Lafemina, afirma que a sua construtora, a Company, procura um prédio comercial no centro para reforma e instalação de uma empresa, no ramo de "call center" (atendimento telefônico), para empregar 3.000 pessoas.
Lafemina não pode revelar o nome da empresa, apenas que é brasileira e que possivelmente a reforma do prédio dará "um aspecto de arte" ao "call center".
O fato, conta, é uma espécie de sinal dos tempos. A Company tem história na construção de prédios comerciais e residenciais de alto padrão no eixo Jardins-Morumbi (zona sudoeste). A última vez em que Lafemina trabalhou no centro foi em 1971, quando construiu o prédio da Finasa, no vale do Anhangabaú.
Além do "call center", estilistas importantes da cidade têm procurado imóveis na região central para montar seus ateliês.
"É o caminho natural de metrópoles do porte de São Paulo. Dependendo do ramo de atividade da empresa, o centro pode ser a melhor opção. Porém a valorização imobiliária tem um limite na região. Caso contrário, ela perde a concorrência para outros pólos, como o da avenida Engenheiro Luís Carlos Berrini", considera.
Sobre o programa Morar no Centro, Lafemina afirma que a iniciativa poderá surtir efeito a longo prazo. "Fazer um jovem casal escolher trocar o Morumbi é algo que exige um processo longo de formação cultural. Mas a região oferece oportunidades a preços convidativos. Por isso o programa não deve se concentrar só em quem trabalha no centro."



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