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HABITAÇÃO
Cerca de 2.500 famílias ocupam terreno de editora católica desde sábado; não houve confronto com a polícia
Sem-teto esperam apoio da igreja em invasão em SP
DA REPORTAGEM LOCAL
Desde a madrugada de sábado,
integrantes do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto)
permanecem em um terreno que
pertence à editora Paulinas, ligada
ao grupo católico Filhas de São
Paulo, conhecidas como irmãs
Paulinas. Lideranças do movimento, no entanto, afirmam esperar apoio da Igreja Católica na
invasão, baseados em um documento divulgado pela CNBB
(Conferência Nacional dos Bispos
do Brasil) no início do mês.
Em sua mensagem, a CNBB
manifesta seu apoio aos sem-teto,
aos sem-terra e a outros grupos
da sociedade. "A CNBB, em sua
carta ao povo brasileiro, disse que
apóia os movimentos populares
que agem de maneira pacífica.
Desse modo, esperamos o apoio
da entidade e já estamos em negociação com alguns setores progressistas da igreja", diz Guilherme Boulos, um dos coordenadores do movimento.
Representantes da CNBB não
foram localizados pela reportagem até o fechamento desta edição para comentar sobre a ação e
as declarações do grupo. Os proprietários da editora Paulinas
também não foram encontrados.
O terreno invadido fica atrás do
complexo de edifícios onde funciona a editora, próximo ao km 19
da rodovia Raposo Tavares, em
São Paulo. Na região, há muitas
favelas e ocupações irregulares.
Segundo Boulos, cerca de 2.500
famílias estão na área invadida-
a maior parte delas veio das favelas e barracos das redondezas.
A chegada do movimento ao
terreno foi pacífica. A polícia não
ficou sabendo da invasão durante
a madrugada e apareceu no terreno apenas na tarde de sábado.
Não houve confronto e as famílias
continuaram no local, que possui
apenas um campo de futebol utilizado pelos moradores da região.
Ontem à tarde, enquanto crianças jogavam futebol no campinho, algumas famílias ainda
montavam barracas de lona e outras decidiam se iriam ou não permanecer no acampamento. "A
chuva e a vinda da polícia desanimou um pouco as pessoas, mas fizemos uma assembléia e vamos
continuar. Estamos dispostos a
negociar", afirmou Boulos.
No dia 19 de abril, diversos grupos de moradia realizaram em
São Paulo uma ocupação em terrenos do governo do Estado -
invadiram inclusive um quartel
abandonado da PM, no centro da
cidade. No entanto, toda a movimentação prevista para a última
quarta-feira, Dia Nacional de Luta
pela Moradia, terminou com apenas uma passeata de 400 pessoas
na avenida Paulista.
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