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VIOLÊNCIA 3
Falta de informação sobre raças em documentos dificulta, por exemplo, políticas públicas de saúde
Pesquisador defende "divulgação da cor"
da Reportagem Local
A pesquisa de Maria Inês Barbosa revelou algo mais que a desigualdade nas condições de morte
entre negros e brancos. Segundo
pesquisadores de problemas raciais, o estudo mostra a importância da existência do quesito cor
nos documentos oficiais.
"É essa carência que faz com
que revelações tão importantes
das diferenças raciais, como as
mostradas pela pesquisa, nunca
tenham sido apontadas antes",
diz a psicossocióloga Edith Piza,
pós-doutorada em relações de gênero, raça e cor pela USP.
Desde a década de 70 até dois
anos atrás, segundo Edith, não
houve atribuição de cor em certidões de nascimento. "Isso foi decidido, na época, para que a pessoa que ia registrar seu filho não se
sentisse ofendida."
A autora da pesquisa, Maria Inês
Barbosa, diz que o Brasil ainda
trata a cor em seus documentos
como se isso fosse uma questão
moral. "O quesito raça, biologicamente, não tem validade há muito
tempo, mas socialmente é muito
importante como meio de exclusão."
A falta desses dados dificulta,
por exemplo, a elaboração de políticas públicas de saúde. Segundo
Maria Inês, há pesquisas que mostram a maior incidência de hipertensão entre negros.
"Nos EUA, há políticas específicas para essa população, de forma
a minimizar essa diferença biológica. No Brasil, se não há quesito
cor nem mesmo em uma ficha de
entrada do hospital, como detectar a incidência de doenças?",
pergunta Maria Inês.
Mudança
Parte desse problema está sendo
alterado. Desde julho de 96, por
iniciativa do GTI (Grupo de Trabalho Interministerial de Valorização da População Negra), as
certidões de nascimento e atestados de óbito passaram a ter, obrigatoriamente, declaração de cor.
O IBGE também incluirá, no
próximo censo, do ano 2000, modificações para quantificar melhor
a população de origem negra no
país. A primeira medida será fazer
constar a pergunta raça/cor em todos os questionários. No censo de
1991, o quesito só constava em
25% dos questionários.
Consultado sobre o resultado da
pesquisa, José Gregori, secretário
nacional dos Direitos Humanos,
disse que irá encaminhar os dados
da pesquisa para a próxima reunião do GTI.
(RV)
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